STAR WARS: EPISÓDIO 9 - A ASCENSÃO SKYWALKER (2019) - ANÁLISE
Por: Rudnei Ferreira
Já fazem mais de 40 anos desde que George Lucas criou uma das sagas cinematográficas de maior sucesso da história do cinema. Iniciada em 1977, ''Star Wars'' conta até agora com 11 filmes no total: 9 deles fazem parte da história principal. Os outros dois são derivados que se passam no mesmo universo. E depois de décadas, o arco principal da saga chega ao seu épico final em ''Star Wars: A ascensão Skywalker'', o nono e último capítulo que encerra a saga dos Skywalker, iniciada a exatos 44 anos. O filme é também o último episódio da terceira trilogia do universo de Star Wars. Uma trilogia que desde o lançamento de seu primeiro exemplar, ''O despertar da força'' em 2015 dividiu e divide a opinião dos fãs mais antigos, em especial aqueles que apreciam principalmente a trilogia clássica. O pico dessa controvérsia entre os fãs mais exigentes veio quando chegou aos cinemas ''Os últimos Jedi'', na opinião deste que os escreve, o melhor filme da franquia desde ''O império contra-ataca'', mas que provocou a ira de muitos fãs que simplesmente não aceitaram as decisões controversas e corajosas tomadas pelo diretor Rian Johnson, mesmo o filme sendo aclamado pelos críticos.
Temendo uma nova rejeição, a Lucasfilm trouxe de volta o diretor J.J. Abrams, que dirigiu ''O despertar da força'' para comandar esse último capítulo do arco principal de ''Star Wars. O resultado disso é um filme que diverte, empolga e tem grandes momentos, mas poderia ter sido ainda melhor. Por mais que eu faça parte daqueles que gostam do filme, entendo também o porque ''A ascensão Skywalker'' dividir a opinião alheia e eu vou comentar aqui o porque.
A trama do filme dá segmento aos eventos de ''Os últimos Jedi''. Rey (Daisy Ridley) continua seu treinamento para aperfeiçoar sua habilidades Jedi. Porém, com o misterioso retorno do Imperador Palpatine/Darth Sidius (Ian McDiarmid), Rey se une aos amigos Finn (John Boyega), Poe Dameron (Oscar Isaac), a general Leia Organa (Carrie Fisher) e a toda a resistência para um último confronto de proporções épicas que irá decidir o destino da galáxia. Enquanto isso, Kylo Ren (Adam Driver) percorre seu caminho entre o lado sombrio e sua redenção para os caminhos da luz.
O principal motivo para ''A ascensão Skywalker'' ser um filme tão controverso é porque destoa completamente do filme anterior. Enquanto ''Os últimos Jedi'' se mostrou um filme inovador e corajoso em vários aspectos, ''A ascensão Skywalker'' segue o caminho oposto, com uma história bem tradicional e sem inovação. E o principal motivo para o filme ter chegado a esse ponto foi justamente o imenso numero de fãs mimizentos que detestaram o que viram no episódio 8 e imploraram para que Star Wars voltasse a ser como antes, no caso, ser mais do mesmo. E foi exatamente o que aconteceu. Durante boa parte do episódio 9, J.J. Abrams procura desfazer muito do que Rian Jonhson construiu no longa anterior e enche o filme de fã services e referências ao universo espacial criado por George Lucas, visando em agradar os mais saudosistas.
Só para deixar claro: eu gostei muito disso. Das referências e fã services e todos os elementos que me fazem lembrar do porque sou um fã de Star Wars. Porém, para quem gosta do episódio 8, assim como eu gosto, fica difícil não sentir falta da ousadia e coragem de Rian Jonhson. Por causa desses fãs que tanto interferiram no andamento da história, ''A ascensão Skywalker'' perde a oportunidade de ser um filme inovador como ''Os últimos Jedi'', levando a saga para outros caminhos. Ao invés disso, se tornou um bom filme, mas que se desenvolve através da mesma fórmula que já vimos anteriormente.
Mas, mesmo com esses porém citados acima, ''A ascensão Skywalker'' ainda tem muita coisa legal para se gostar. Os já citados fã services são bem bacanas e conseguem despertar nossa nostalgia, assim como os dois filmes anteriores também fizeram bem. O clima de aventura presente na franquia está mais vivo do que nunca aqui e ainda garantem pura diversão com suas eletrizantes cenas de batalhas espaciais. Os duelos de sabre de luz conseguem ser empolgantes e esses momentos são bem construídos e bem dirigidos. Mesmo com a fórmula familiar da franquia, o roteiro ainda mantém alguns bons momentos que foram marcantes no episódio 8 e eles são bem introduzidos aqui. Visualmente, o filme é um verdadeiro espetáculo, com efeitos visuais muito impressionantes. A construção de mundos é perfeita e passa a sensação de serem reais na tela. O trabalho da edição de som é impecável e outros elementos como montagem e os planos de câmera são perfeitos. J.J. Abrams entende que no universo Star Wars, esses elementos fazem toda a diferença. Portanto, o cineasta faz um trabalho muito competente.
O roteiro toma algumas decisões inesperadas e até mesmo desnecessárias. As respostas para o passado de Rey e os mistérios envolvendo seus pais e sua verdadeira linhagem de sangue soam meio forçados, e isso, eu reconheço. Sem falar sobre o passado de alguns personagens e decisões que são tomadas, mas que são deixadas de lado mais pra frente. Porém, são detalhes que até que dão para relevar em prol do entretenimento que o filme proporciona. Nem precisa mencionar que a trilha sonora de John Williams permanece espetacular e continua nos empolgando nos momentos certos.
O elenco, em questões de atuações, mantém a qualidade dos filmes anteriores dessa terceira trilogia. Daisy Ridley continua ótima na pele da heroína Jedi Rey. A atriz entende a importância da personagem até esse presente momento e sua atuação carismática e entregue faz a diferença. É muito legal ver finalmente a sua interação com John Boyega e Oscar Isaac. O trio junto funciona e protagonizam alguns dos melhores momentos do filme. Mesmo que suas cenas sejam resultados de material extra aproveitado, que ficou de fora dos filmes anteriores, é emocionante ver uma última vez nossa eterna Princesa Leia na imagem de Carrie Fisher. Embora sua despedida no filme seja bonita e tocante, fica a sensação de que ambas mereciam mais, tanto a personagem quanto a atriz. Mas, no geral, o resultado é bom.
O Lando Calrissian interpretado por Billy Dee Williams está no filme com a função de ser mais um agrado para os fãs. Mas, mesmo assim, é legal poder rever o famoso contrabandista de volta as telas desde sua última aparição em ''O retorno de Jedi''. Adam Driver demonstra aqui que seu Kylo Ren sempre foi um dos grandes acertos dessa nova trilogia. O ator convence com seu conflito interno em sua jornada final entre a luz e as trevas, méritos de seu imenso talento como ator. Mark Hamill tem uma participação bem legal e tudo o que envolve Luke Skywalker aqui são feitos para mudar o que vimos no filme anterior ou serve como mais uma referência para os fãs. Já nomes como Domhnall Gleeson, Lupita Nyong'o, Naomi Ackie e principalmente Kelly Marie Tran são talentos mal aproveitados, mesmo que estejam em momentos empolgantes. Eu gostei do visual tenebroso e meio zumbi do Imperador Palpatine/Darth Sidius. E mesmo que seu retorno dos mortos soe meio ''não precisava'', o personagem ainda funciona. Muito se vale por conta da sempre boa atuação de Ian McDiarmid.
''Star Wars: A ascensão Skywalker'' não é um filme perfeito. Mesmo que seja algo legal de se ver, o filme se vende muito pelas suas referências ao universo Star Wars, deixando de lado a oportunidade de ser inovador que nem ''Os últimos Jedi''. Mas, ainda assim, é um bom filme que cumpre sua função como entretenimento e como exemplar do universo criado por George Lucas, que conquistou uma legião interminável de fãs mundo afora. Pode não ser o final que a maioria esperava e, acredite, eu entendo. Mas, ainda assim, é um bom final para a saga Skywalker no melhor estilo Star Wars.
Nota: ★★★★★★★ 7
STAR WARS: EPISÓDIO 9 - A ASCENSÃO SKYWALKER (STAR WARS: THE RISE OF SKYWALKER - 2019) - Aventura/Ficção-cientifica/Fantasia, 142 Minutos. / ROTEIRO E DIREÇÃO: J.J Abrams. - ELENCO: Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Adam Driver, Keri Russell, Mark Hamill, Kelly Marie Tran, Naomie Ackie, Carrie Fisher, Anthony Daniels, Billy Dee Williams, Joonas Suotamo, Richard E. Grant, Domhnall Gleeson, Lupita Nyong'o, Dominic Monaghan, Ian McDiarmid. CLASSIFICAÇÃO: 12 Anos.
Confira também: Star Wars: episódio 4 - Uma nova esperança (1977)
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