O BEBÊ DE ROSEMARY (1968) - UM CLÁSSICO DOS FILMES DE TERROR QUE ENVELHECEU MUTO BEM!
Por: Rudnei Ferreira
O diretor polonês Roman Polanski é um dos maiores diretores da atualidade, responsável por algumas grandes obras cinematográficas como ''O pianista'', grande épico dramático que se passa durante a Segunda Guerra Mundial e que foi indicado em 7 categorias no Oscar, vencendo 3 delas. Muito antes desse filmaço estrelado por Adrien Brody, o diretor se aventurou no Terror e no suspense, precisamente no ano de 1968, quando decidiu adaptar para as telas o elogiado romance escrito por Ira Levin. Eis que surgiu ''O bebê de Rosemary'', considerado até hoje um verdadeiro ícone do cinema de terror. Não apenas com o público, o filme de terror psicológico foi elogiado pela crítica, tornando-se um filme histórico.
O filme se passa nos anos 60, onde a jovem Rosemary (Mia Farrow) e seu esposo Guy (John Cassavetes) decidem se mudar para um novo apartamento. Chegando lá, rapidamente eles fazem amizade com os seus vizinhos de andar, que apesar de gentis e acolhedores, são estranhos até demais. Depois de muito tempo, finalmente Rosemary engravida, para a alegria de todos. Porém, uma série de coisas estranhas e assustadoras começam a acontecer no local, o que faz com que Rosemary tema por sua vida e, principalmente, do seu bebê.
O que chama a atenção para '' O bebê de Rosemary'' é a atmosfera carregada e muito bem construída de suspense e terror que o filme possui. E para quem procura um terror cheio de sangue e violência, pode se decepcionar, pois o filme aposta mais no terror psicológico. Roman Polanski deixa claro que sabe que um bom filme de terror é construído através de uma boa atmosfera e da sugestão do horror. E é exatamente isso que que ele nos entrega assim. Sim, o filme tem violência, nudez e sangue, mas são em momentos pontuais. Ele entende que, as vezes, a sugestão de algo maligno dentro do gênero é muito mais arrepiante do que algo necessariamente explicito. E o diretor mostra apenas o necessário, mas o suficiente para causar calafrios e choque.
O roteiro constantemente nos deixa a sensação de que algo de estranho está acontecendo, mas também gera a dúvida e a incerteza se tudo realmente é real ou se não passa de uma paranoia ou imaginação da protagonista. Claro que a pergunta é respondida satisfatoriamente nos minutos finais. Mas até chegar lá, o roteiro faz questão de nos deixar com essa dúvida. E faz isso de maneira sublime. As dúvidas e incertezas da protagonista acabam sendo as nossas também, o que faz com que nós, o espectador, acabe se aproximando ainda mais de Rosemary. Temas como bruxaria, satanismo e até mesmo religião estão presentes na trama, o que com certeza gera algumas discussões de como esses temas são trabalhados dentro da história. E acima de tudo, a intenção de Roman Polanski é gerar a dúvida, a incerteza e mostra que nada é mais perigoso do que nossa mente e nossos pensamentos
Outros aspectos, além do roteiro bem escrito, que ajudam a criar esse clima sombrio de dúvidas e incertezas é os recursos cinematográficos usados, como a montagem, que corta nos momentos certos ou apenas joga na tela alguns pequenos detalhes. Também a maneira como Polanski filma e manipula sua câmera, focando principalmente nas expressões dos personagens, especialmente a protagonista, com destaque na icônica cena onde Rosemary contempla seu bebê pela primeira vez. A trilha sonora de Krzysztof Komeda é enervante, no bom sentido, e agoniante, contribuindo para a aura sobrenatural e sinistra do longa. O filme apresenta um design de produção muito elegante, o que torna o filme menos sombrio em alguns momentos. Na verdade, o próprio prédio onde a maioria da história se desenvolve é também um personagem. Personagem esse que esconde os mistérios de seus moradores. É um filme bem dirigido, bem produzido, bem escrito e com um bom desenvolvimento de ritmo e história.
O elenco traz boas atuações de todos presentes em cena. Cada um deles criam a atmosfera perfeita em torno de seus personagens, que transitam entre gentileza e mistério. Ruth Gondon, que venceu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante pelo seu papel aqui, se destaca como a doce e gentil senhora Minnie Castevet. Mas por traz de toda a bondade, existe algo a mais e a atriz sabe desenvolver ambos os lados dessa enigmática personagem. Mia Farrow dá um show ao viver a protagonista. A atriz imprime cada medo, angustia, dor e incertezas em sua personagem com uma verdade convincente, em um trabalho de atuação respeitável. A história é muito boa, mas fica ainda melhor com os bons personagens presentes em cena.
''O bebê de Rosemary'' envelheceu muito bem, graças a sua qualidade de produção e roteiro e claro, pela direção competente de Roman Polanski. Sem dúvidas, um dos melhores filmes de terror já produzido e super recomendado para aqueles que entendem como um bom filme de terror deve ser feito. Um clássico absoluto que merece sempre ser conferido.
Nota: 🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟 10!
O BEBÊ DE ROSEMARY (ROSEMARY'S BABY - 1968) - Terror/Suspense, 136 Minutos. / DIREÇÃO: Roman Polanski. - ELENCO: Mia Farrow, John Cassavetes, Ruth Gordon, Sidney Blackmer. CLASSIFICAÇÃO: 14 Anos.
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