Matrix Revolution (2003) - Um bom desfecho para a trilogia das Irmãs Wachowski!



Por: Rudnei Ferreira 


"Matrix" foi e é até hoje um dos maiores sucessos do cinema e da cultura pop em geral. Afinal, não é para menos. O primeiro filme lançado em 1999 revolucionou o cinema com sua trama fascinante e inteligente que misturava, com o equilíbrio perfeito, ficção científica Cyberpuk, questões religiosas, sociais e filosóficas, ação espetacular e efeitos visuais que moldaram o futuro da indústria cinematográfica à partir de então. Um filme muito bom que agradou imensamente o público e a crítica, tornando-se um dos melhores daquele ano consagrado e um dos melhores filmes do cinema em geral,  influenciando outras famosas obras cinematográficas  que vieram depois, como foi o caso de "Avatar" (2009) e "A Origem" (2010). 

Anunciado como o primeiro capítulo de uma trilogia idealizada pelas irmãs Lilly e Lana Wachowski, o público aguardou ansiosamente o capítulo seguinte. E quatro anos depois, ''Matrix Reloaded'' chegou as telas, trazendo o mesmo visual incrível, ótimos personagens e a mesma filosofia, só que dessa vez focando muito mais na ação. O resultado dividiu opiniões. Mesmo assim, "Reloaded" se mostrou como um bom filme, embora inferior ao seu antecessor de 1999 que instantaneamente se tornou um clássico. Eis que chegamos ao episódio decisivo que encerra de maneira épica essa revolucionária trilogia das irmãs Wachowski. "Matrix Revolution" tem suas falhas, mas ao meu ver, conta com muito mais acertos. 








O filme começa exatamente de onde "Matrix Reloaded" parou. O destino de Zion, a última cidade humana, está selado, já que as máquinas planejam um ataque decisivo e mortal com o proposito de dizimar de uma vez por todas o que restou da raça humana. Neo (Keanu Reeves) e Trinity (Carrie-Anne Moss) partem para a Cidade das Máquinas com a missão de por um fim a essa guerra. Enquanto isso, Morpheus (Laurence Fishburne) e outros guerreiros da resistência montam uma última defesa para tentar deter o avanço das sentinelas, máquinas poderosas e mortais que matam e destroem tudo em seu caminho. 

"Matrix Reloaded" já havia dado um passo além na ação. Porém, "Matrix Revolution" deixa completamente de lado as questões filosóficas e inteligentes do primeiro filme e se assume definitivamente como um filme de ação e ficção científica Cyberpunk. Isso condiz com a proposta das irmãs Wachowski que levaram a franquia para outro nível. Depois de dois filmes apresentando esse universo e seus personagens, o capítulo final da trilogia foca totalmente na aguardada guerra entre homens e máquinas. E nesse aspecto, o longa é um prato cheio para os fãs. Colocando de uma vez por todas os dois pés na ação mirabolante, "Revolution" nos proporciona algumas das melhores sequências do gênero e de toda a franquia, com um ritmo frenético e empolgante capaz de deixar o público extasiado e vidrado no que está acontecendo em cena. Por conta disso, temos até então o filme mais violento dos três, e isso é muito bom. Outro grande acerto da obra é ter a sua trama quase toda se passando no mundo real. Afinal, tivemos dois filmes quase todos dentro da realidade virtual da Matrix, portanto, é muito bom ver um pouco mais do sombrio mundo pós apocalíptico devastado pelas ações das máquinas, onde o perigo é mais real e muito mais mortal. 








 A obra mantém a qualidade visual dos seus antecessores, com efeitos visuais impecáveis e que mesmo nos dias de hoje impressionam. São realmente perfeitos, com um uso de Ckroma Key excelente. Outros elementos cinematográficos como a edição de som, a montagem e principalmente a fotografia e a trilha sonora são um show a parte. Para coroar, a direção magistral de Lilly e Lana Wachowski permanece sendo o grande destaque desse filme e da trilogia em geral. Alguns personagens se destacam mais do que nos filmes anteriores e outros tem sua despedida da franquia de maneira trágica ou emocionante. Tudo isso faz do filme uma obra admirável e que impressiona em todos os seus aspectos. O roteiro, embora muito bom, peça principalmente nos minutos finais, com algumas decisões equivocadas e que fazem o épico final para a história e os personagens soar um pouco simplória demais. Depois de três filmes repletos de conteúdo e com uma premissa forte em cima da guerra entre a humanidade e as máquinas e da jornada de Neo, Trinity e Morpheus, a sensação que fica é que a resolução dos acontecimentos poderia ter sido um pouco mais completa e mais conclusiva. Mesmo que seja o final da trilogia, o roteiro acaba deixando algumas pontas soltas e questões que não são  completamente respondidas, o que possibilita ideias e questões que podem ser abordadas em possíveis continuações, quem sabe. Mesmo com esse ar inconclusivo e misterioso, o saldo final é positivo e para mim, satisfatório. 

No elenco, Keanu Reeves concluí bem a jornada de Neo. Menos heroico e mais vulnerável, é possível temer e sentir pela sua vida. No entanto, sua habilidades e seu propósito ainda convencem. No fim, seu sacrifício final pelo bem da raça humana é válido, épico e tocante. Laurence Fishburne e Carrie-Anne Moss fazem, até então, uma última boa participação na pele de Morpheus e Trinity, especialmente Carrie, cujo seu desfecho na franquia tem bastante impacto por causa da ousadia e coragem do roteiro, pegando muita gente de surpresa. Gostei bastante também da evolução e do tratamento dado à alguns coadjuvantes do filme anterior como a Capitã Niobi, personagem de Jada Pinkett Smith, que passou de uma mera coadjuvante com poucas cenas a uma das guerreira da resistência mais habilidosas e estrategistas entre os heróis. Até mesmo Zee, interpretada por Nona Gaye e o jovem admirador de Neo, personagem de Clayton Watson tem os seus momentos de destaque. Hugo Weaving aparece pouco, mas seu Agente Smith ainda consegue ser uma grande ameaça dentro da história e um vilão a altura do protagonista, mais do que nunca. Mary Alice não tem o mesmo carisma e presença de Glória Foster, que infelizmente faleceu antes das filmagens. Mesmo assim, ela se mostra uma substituta digna para interpretar a poderosa Oráculo, cuja a mudança em sua aparência é bem justificada pelo roteiro. 

Entre altos e baixos, "Matrix Revolution" é, ao meu ver, uma conclusão satisfatória para a épica e revolucionária trilogia das irmãs Lilly e Lana Wachowski. Pode não ser o melhor final do cinema, cujo o resultado dividiu e divide opiniões até hoje. No entanto, tal resultado pode abrir possibilidades futuras nas telas para o incrível, bizarro e impressionante mundo de Matrix. Só nos resta aguardar para ver o que "Matrix 4" tem a nos oferecer. 

Nota: ★★★★★★★★ 8





MATRIX REVOLUTION (2003) - Ação/Ficção Científica, 129 minutos. ESCRITO, PRODUZIDO E DIRIGIDO POR: Lilly e Lana Wachowski. ELENCO: Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Laurence Fishburne, Hugo Weaving, Jada Pinkett Smith, Monica Bellucci, Lambert Wilson, Nona Gaye, Mary Alice, Harold Perrineau Jr. , Collin Chou. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 40%



CURIOSIDADES: 
  • ''Matrix Revolution'' foi rodado de maneira simultânea com ''Matrix Reloaded'', o segundo filme da franquia, e foram lançados nos cinemas com um intervalo de 6 meses entre eles. A produção de ambos os filmes levaram um total de 4 anos para serem concluídos entre pré-produção, filmagens e pós-produção. 
  • Originalmente, a personagem Zee (Nona Gaye) seria interpretada pela atriz e cantora Aaliyah (de ''A Rainha dos Condenados'' e ''Romeu Tem que Morrer''). No entanto, ela morreu no dia 25 de agosto de 2001 em um desastre aéreo. Outra que faleceu antes do início das filmagens de ''Matrix Revolution'' foi a veterana atriz Glória Foster, a intérprete original da personagem Oráculo. Para substituí-la em ''Matrix Revolution'', foi chamada a atriz Mary Alice. Sendo assim, o roteiro também precisou ser reescrito para justificar a mudança de aparência e corpo da personagem. 
  •  Durante as filmagens dos dois últimos filmes, a atriz Carrie-Anne Moss torceu um dos joelhos durante o seu treinamento para as sequências de ação. Já Keanu Reeves chegou a fraturar o pé esquerdo. 

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