Viúva Negra (2021) - O filme que a heroína da Marvel merecia!
Foi a 11 anos, em 2010, que a Viúva Negra apareceu pela primeira vez nas telas do cinema em uma adaptação live action. Criada para os quadrinhos em 1964 por Stan Lee, Don Rico e Dom Heck, a sexy e extremamente habilidosa espiã russa foi apresentada dentro do Universo Cinematográfico Marvel em ''Homem de Ferro 2'' sob a performance da bela Scarlett Johansson, conquistando uma legião de fãs. A personagem agradou tanto que depois disso, esteve presente em outros seis filmes do Marvel Studios: ''Os Vingadores'' (2012), ''Capitão América 2: O Soldado Invernal'' (2014), ''Vingadores: Era de Ultron'' (2015), ''Capitão América 3: Guerra Civil'' (2016), '' Vingadores: Guerra Infinita'' (2018) e '' Vingadores: Ultimato'' (2019). Embora seja uma das personagens mais queridas pelo fãs, a heroína sempre foi uma coadjuvante de luxo e nunca teve a sua história contada em nenhum dos filmes ou pelo menos teve um filme para chamar de seu.
Felizmente, isso muda em ''Viúva negra'', o mais novo longa metragem do Universo Cinematográfico Marvel até agora, que chegou ao Disney Plus para contar mais da misteriosa espiã, fornecendo aos fãs detalhes, curiosidades e informações sobre ela. O filme faz parte da chamada ''fase 4'' da Marvel no cinema desde que esse universo expandido foi iniciado em 2008 com ''Homem de Ferro''. É a quarta produção dessa fase do estúdio depois das séries ''Loki'', ''Falcão e o Soldado Invernal'' e ''WandaVision''. E assim como essas produções citadas, ''Viúva Negra'' é mais um grande acerto da Marvel, proporcionando entretenimento de qualidade da primeira a última cena.
A história dá segmento aos eventos vistos em ''Capitão América: Guerra Civil''. Natasha (Scarlett Johansson) passa de super heroína vingadora a fugitiva do governo, se deslocando de um lugar a outro para escapar das autoridades. Depois de receber uma mensagem da sua irmã (Florence Pugh), elas se unem para impedir uma conspiração sombria envolvendo outras espiãs que, assim como Natasha, também receberam um intenso treinamento especial para se tornarem as implacáveis Viúvas Negras.
Quando os primeiros materiais de divulgação de ''Viúva Negra'' foram lançados, a impressão que ficava é que o longa metragem da Marvel seria uma história de origem para a personagem vivida por Scarlett Johansson. Sim e não. O roteiro de fato chega a explorar alguns detalhes do passado triste e sombrio da espiã russa, focando nos mistérios em torno da sua figura problemática, que desde criança foi submetida a um intenso processo de treinamento para se tornar a melhor agente espiã de todos os tempos. A Marvel já havia nos dado um vislumbre desse parte da sua história em ''Vingadores: Era de Ultron'', o que na época, deixou muitos fãs, e eu me incluo, curiosos para saber um pouco mais sobre ela. E agora, temos a oportunidade de conhecer mais sobre a sua história. Por outro lado, ''Viúva Negra'' não se mantem inteiramente conectado ao passado, preferindo mostrar também o que aconteceu com Natasha ao final de '' Capitão América: Guerra Civil'', em uma envolvente trama de ação, suspense e espionagem. A melhor coisa de tudo isso é que o roteiro muito bem estruturado une passado e presente de maneira harmoniosa e bem equilibrada, sem confundir e muito menos forçar a barra em seu desenvolvimento. Através das ações e principalmente através dos diálogos, o público já familiarizado com o Universo Cinematográfico Marvel acaba se aprofundando nos detalhes sobre Natasha Romanoff e o que levou a jovem russa a ser tornar a famosa Viúva Negra. Cada peça se encaixa perfeitamente bem e a trama é muito bem amarrada, oferendo ao espectador um retrato bem intimista em torno dela. Além disso, a trama está cheia de referências e menções a outros filmes e personagens desse universo compartilhado, sem contar as homenagens aos quadrinhos, um prato cheio para quem conheceu a vingadora nas HQs.
O filme tem como temas principais os traumas do passado, mas também a importância da família, mostrando que laços fortes de amizade e devoção podem surgir até entre aqueles que não são do mesmo sangue. Mesmo que nos conte uma nova história, a Marvel não abandona a sua fórmula dentro desse universo compartilhado, que traz o seu típico humor e alguns momentos que fazem lembrar outras produções do estúdio. Nada que atrapalhe, pois o longa insere esses elementos e os trabalham muito bem. É um toque familiar que continua a funcionar.
Se o filme acerta com a história, o mesmo pode ser dito da qualidade técnica da produção. A obra impressiona bastante nesse aspecto com as suas cenas de ação. Muito bem dirigidas, bem coreografadas, com ótimos efeitos visuais, movimentação de câmera perfeita, enquadramentos precisos e uma excelente montagem, todas essas sequências são vibrantes e espetacularmente bem realizadas. O design de produção e os figurinos elegantes dos personagens são muito chamativos, já que os seus uniformes são bem legais. Merece atenção a ótima cinematografia, com belas tomadas de várias locações reais que na tela parecem verdadeiras pinturas. Aplausos para a direção inspiradíssima e bem executada da australiana Cate Shortland, que trabalha tudo isso em tela com maestria, marcando de maneira muito positiva a estreia de uma mulher no comando de um longa metragem da Marvel. Acredite, ela não ficam devendo em nada para alguns dos melhores diretores do estúdio como Jon Favreau, James Gunn e os irmãos Russo. É o exemplo perfeito do que um cineasta talentoso e carinhosamente comprometido com o seu trabalho atrás das câmeras é capaz de fazer. A edição sonora do filme é outra coisa que merece atenção, já que o cuidado com esse elemento cinematográfico tem grande impacto em toda a ação e drama vistos em cena. Concluindo, é um filme que consegue agradar em todos os seus aspectos, com um trabalho audiovisual notável.
''Viúva Negra'' é um daqueles filmes que tanto a protagonista quantos os personagens secundários funcionam. E até nisso, a Marvel acertou mais uma vez, já que bons personagens é o que não faltam dentro desse universo cinematográfico compartilhado. Quem assistiu ''Vingadores: Ultimato'' sabe que essa pode ser a última aparição da Viúva Negra no MCU. E a despedida de Scarlett Johansson para a personagem não poderia ser melhor. A essa altura, a atriz já conhece de cor e salteado a protagonista. E como já era esperado, ela brilha em cena com todo o seu carisma e se entrega, tanto física quanto interpretativamente, ao papel. Através da sua performance, somos convencidos das suas habilidades e capacidades como Viúva Negra, mas também sentimos o seu lado humano como Natasha Romanoff, destacando suas perdas, traumas e medos. Dentre os novos integrantes do elenco, merece atenção a atuação de Florence Pugh, cuja a química e o bom desenvolvimento de sua personagem ao lado de Scarlett Johansson garante uma das melhores relações dentro do universo Marvel. A própria personagem é um grande acréscimo dentro desse universo. David Harbour é um bom alívio cômico com o seu humor peculiar. No entanto, o seu personagem acaba não tendo muita relevância para a história. E Rachel Weisz nos agracia com sua presença, entregando uma personagem interessante. O vilão ''O Treinador'' surge como um grande desafio para a Viúva Negra, mesmo com algumas notáveis diferenças em relação ao personagem original nos quadrinhos. No entanto, seu desenvolvimento é bem legal, o que acaba dando ao antagonista o tom de ameaça certo e bem equilibrado. Só não vou dizer quem o interpreta para não estragar a surpresa de quem for assistir, pois esse é um mistério que vale a pena esperar até os minutos finais para ser desvendado, quando a sua verdadeira identidade enfim é revelada.
Minha única ressalva ao filme se deve ao fato de que, na minha sincera opinião, ele deveria ter sido lançado antes dos dois últimos filmes dos Vingadores e não depois como o primeiro longa metragem da fase 4 da Marvel. Pode ser que aqueles que acompanharam o encerramento épico de ''Vingadores Ultimato'' concordem ou não com a minha opinião. Vai depender, é claro, do ponto de vista de cada um. Para mim, é uma obra que veio um pouco tarde demais, o que faz com que os desdobramentos em torno da protagonista não soem tão ameaçadores como deviam, ao ponto de temermos por sua vida diante de um perigo extremo. Enfim, muitos detalhes só iriam estragar a experiência de quem não assistiu, e isso eu não quero fazer.
Com ação espetacular, atuações elogiáveis, um cuidado técnico louvável e uma excelente direção, ''Viúva Negra'' é um filme digno para a personagem que há muito tempo merecia ser a protagonista de um bom filme solo. Dito e feito, a Marvel acertou de novo, tornando o filme um dos melhores dentro do seu universo cinematográfico. Empolgante, tocante e cheio de surpresas, é um entretenimento muito bom e recomendado. É o filme que a heroína merecia e tanto a personagem quanto a sua intérprete vão deixar saudades. E por último, fiquem até os créditos finais para acompanhar uma importante cena que pode nos dar uma ideia de qual serão os próximos passos do Marvel Studio no futuro.
Nota: ★★★★★★★★★ 9
VIÚVA NEGRA (BLACK WIDOW - 2021) - Ação/Aventura, 133 minutos. DIRIGIDO POR: Cate Shortland. ELENCO: Scarlett Johansson, Florence Pugh, Rachel Weisz, David Harbour, Olga Kurylenko, Ray Winstone. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 85%
CURIOSIDADES:
- Os pequenos teasers de eletricidade presos nos pulsos da personagem no filme são uma homenagem ao uniforme clássico da Viúva Negra nos quadrinhos, que é preto e com pulseiras amarelas.
- De acordo com a atriz Scarlett Johansson, filmes como ''Logan'' (2017), O Fugitivo (1993) e ''O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final'' (1991) serviram de inspiração para o filme da Marvel.
- Nos quadrinhos, a Viúva Negra e o Demolidor chegaram a se relacionar. Charlie Cox, que interpretou o super-herói na série da Netflix/Marvel, demonstrou interesse de que os dois personagens pudessem se encontrar nas telas.
- Esse é o terceiro filme de super-heróis que conta com a participação do ator David Harbour. Os anteriores foram ''Esquadrão Suicida'' (2016) e o remake de Hellboy (2019).
Comentários
Postar um comentário