WandaVision (2021) - Análise - Ambiciosa e bem realizada, a série é uma incrível e impressionante aventura da Marvel!


 Por: Rudnei Ferreira


O Universo Cinematográfico da Marvel se concretizou como umas das maiores e mais lucrativas franquias da história do cinema atual. Totalizando 23 longas metragens, o Marvel Studios fez história nas adaptações de histórias em quadrinhos quando lançou o primeiro ''Homem de Ferro'' em 2008. A partir dai, esse universo cinematográfico foi ganhando novos capítulos, com histórias próprias mas que se ligavam entre si. Foram 10 anos de um ciclo que se encerrou de maneira satisfatória em ''Vingadores: Ultimato'' de 2019, sem mencionar o filme ''Homem-Aranha: Longe de Casa'' que veio logo depois,  arrancando aplausos e lágrimas da maioria dos fãs. Durante esses 10 anos, os 23 filmes foram divididos em três fases de tempo que se encerraram agora em 2019. 

A série de TV ''WandaVision'' praticamente inicia a chamada ''Fase 4'' do Marvel Studios. Estrelada por Elizabeth Olsen e Paul Bettany, reprisando os seus papeis dentro do Universo Cinematográfico Marvel, a série de 9 episódios é uma grata surpresa para os fãs e admiradores dessas histórias, com uma abordagem diferente do que o público está acostumado, resultando em uma das obras mais inteligentes e complexas do estúdio, pelo menos até agora. 






A trama da série se passa pouco tempo depois dos acontecimentos de ''Vingadores: Ultimato''. Wanda (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany) agora são casados e vivem felizes em uma pequena cidade onde decidem constituir família. Não demora para que todos percebam que essa vida perfeita não passa de uma realidade alternativa criada e manipulada pela própria Wanda. É dado início a uma arriscada operação militar com o propósito de deter o poder incontrolável da Vingadora, antes que muitas pessoas sejam vitimadas por isso. 

Logo que a série se inicia, o público, acostumado ao padrão criado pela Marvel nos filmes, pode estranhar como a história começa. O caso de amor entre Wanda e Visão é contado como se fosse uma Sitcom americana. Começando nos anos 50, a cada episódios, os personagens vão atravessando décadas diferentes, dando a sensação de estarmos de fato vendo várias temporadas de uma série clássica protagonizada pelos dois vingadores. Mesmo que isso cause estranhamento, a formula é proposital, já que todo esse clima de sitcom antigo tem grande relevância e importância para a construção da trama em torno da personagem vivida por Elisabeth Olsen. Os dois primeiros episódios fazem com que a história demore um pouco para engrenar, apenas deixando no público a sensação de que alguma coisa estranha está acontecendo. É a partir do terceiro episódio que as coisas realmente acontecem, com o roteiro se desenvolvendo aos poucos e mudando consideravelmente o tom da série. Muitas perguntas são deixadas no ar, mas conforme a trama avança, nos é dado as respostas e elas são bem satisfatórias. E o roteiro de ''WandaVision'' é de uma inteligência, criatividade e complexidade notável, onde histórias são contadas, personagens são em sua maioria bem trabalhados e bem aproveitados e várias camadas são exploradas. É notável e até mesmo acertada a intenção da Marvel de querer se reinventar com ''WandaVision'', e o melhor de tudo é que ela conseguiu. A trama dá muita atenção aos dramas e motivações de Wanda, explorando o seu passado, suas dores e suas perdas. E quando tudo vai ficando cada vez mais esclarecido, vemos na personagem alguém que perdeu muito ao longo de sua trajetória e entendemos o porque de suas ações, mesmo que elas não sejam exatamente corretas, o que a torna quase uma anti-heroína. Juntando tudo isso, os fãs ainda podem desfrutar de muitas menções e referências a outras histórias do Universo Cinematográfico da Marvel, além de algumas homenagens aos quadrinhos, especialmente os mais clássicos. Homenagens essas que foram feitas para agradar os fãs mais fervorosos das HQs, o que de fato é muito legal de se ver. 






A Marvel nunca decepcionou quando o assunto é qualidade de produção, mesmo que nem todas as produções do seu universo cinematográfico sejam todas do mesmo nível em relação a roteiro e história. ''WandaVision'' conserva o brilhantismo da produção em todos os seus aspectos, sendo mais um grande triunfo do estúdio. O design de produção é muito bom, principalmente nas cenas que se passam nas décadas passadas, onde a cenografia, os figurinos e adereços impressionam pelos detalhes. O trabalho de maquiagem é igualmente notável, especialmente em tudo o que diz respeito a figura do Visão. Muitos efeitos práticos são bem empregados e os efeitos digitais não ficam atrás, extremamente convincentes, bem renderizados e com um ótimo recorte, em um magnifico trabalho de Chroma Key. A transição entre a realidade criada por Wanda e o mundo real empolga, graças a boa montagem das cenas. A fotografia é linda, utilizando o preto e branco para a realidade ''Sitcom'' e cores neutras e coloridas para a nossa realidade. Interessante também como a tela muda o seu formato quando precisa separar as duas realidades. No mundo imaginado por Wanda, normalmente é a tela cheia que predomina. Nas cenas que se passam em nossa realidade, é utilizado o conhecido formato 16:9 ou Widescreen. A trilha sonora é outro acerto, com diferentes batidas que vão do alegre, o dramático e o épico. A ação demora a acontecer, mas quando finalmente acontece, testemunhamos um verdadeiro espetáculo de proporções épicas em cenas muito bem dirigidas e bastante memoráveis. 

O elenco é ótimo. Elizabeth Olsen é a alma da série. Nos filmes, sua personagem, embora tenha alguns momentos de destaque, nunca foi tratada como prioridade. Aqui, ela finalmente tem tempo para mostrar a que veio, com melhor desenvolvimento e mostrando todo o potencial da atriz, pois os dramas, os conflitos internos e o imenso poder da Feiticeira Escarlate chamam a atenção graças a atuação de Olsen que realmente se entrega de corpo e alma ao papel. Durante todos os episódios ela está ótima, mas é nos minutos finais do último episódio que ela chega ao seu auge em cenas de tirar o fôlego de qualquer fã. Paul Bettany está a altura da sua companheira de cena e sua atuação também merece atenção. A química entre os dois é perfeita e o desenvolvimento do personagem ao longo dos episódios é muito bom. Depois dos eventos de ''Vingadores: Ultimato'', a Marvel da uma justificativa e um propósito satisfatórios para o retorno do personagem. Dos coadjuvantes, Kathyn Hann manda bem com uma personagem inconveniente, mas que garante boas surpresa no desfecho da temporada. Teyonah Parris tem boas intenções, mas sua personagem merecia mais, já que a atriz é talentosa. Randall Park não tem muito o que fazer. O mesmo pode ser dito de Kat Dennings cujo o seu retorno a esse universo da Marvel não se justifica muito bem, deixando sua personagem deslocada. A surpresa fica por conta da participação de Evan Peters. Mesmo que seja irrelevante para a trama, sua aparição funciona mais como nostalgia para quem assistiu ''X Men - Apocalipse''. É legal, mas no filme da Fox, ele faz mais sentido. 






Com ''WandaVision'', o Marvel Studios proporciona aos fãs uma experiência ousada, inovadora e diferente do que já foi visto nas obras anteriores do estúdio com esses personagens, mas sem deixar de lado os seus padrões conhecidos. Com homenagens ao passado, muitas referências, bom humor, ação espetacular e surpresas inesperadas construídas por um roteiro ágil, inteligente e criativo, a série tem tudo para agradar positivamente quem for se aventurar por mais uma grande história do Universo Cinematográfico Marvel, prometendo grandes surpresas para o futuro. Com um bom início e um desfecho épico, ''WandaVision'' é imperdível. 

Nota: ★★★★★★★★★ 9



WANDAVISION (2021) - Aventura/fantasia/drama. DURAÇÃO: 9 episódios de 30 a 45 minutos cada. SÉRIE CRIADA POR: Jac Schaeffer, com base nas obras criadas por Stan Lee, Jack Kirby, Roy Thomas e John Buscema. ELENCO: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Kat Dennings, Teyonah Parris, Kathryn Hahn, Evan Peters, Randall Park. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 92%


CURIOSIDADES: 

  • Para desenvolver os figurinos de época mostrados na série, a Marvel chamou a figurinista Mayes Rubeo, nascida e criada na Cidade do México. Mayes já havia trabalhado com o estúdio como figurinista do filme ''Thor Ragnarok''
  • Além disso, a trilha sonora composta para a série veio do casal Kristen e Robert Lópes, vencedores do Oscar de Melhor Canção Original pelo filme ''Frozen: Uma Aventura Congelante''. 
  • Como o primeiro episódio da série se baseia nos seriados clássicos da TV americana, os realizadores decidiram filma-lo inteiro com plateia ao vivo, tudo isso para registrar as risadas espontâneas de quem assistia. 
  • Foram várias as séries em formato de sitcom que inspiraram os realizadores de ''WandaVision'' como ''Uma Família Moderna'', ''A Feiticeira'', ''Três é Demais'', entre outro. 
  • ''WandaVision'' é a primeira série da Marvel feita para o serviço de Streaming da Disney, o ''Disney +''. Depois dela, vieram ''Falcão e o Soldado Invernal'' e ''Loki'', iniciando assim a chamada ''Fase 4'' do Universo Cinematográfico Marvel''. 



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