Especial ''X-Men'' no cinema - Trilogia Wolverine (2009-2017)


 Por: Rudnei Ferreira 


o Wolverine foi criado em 1974 pelo editor-chefe da Marvel na época, Roy Thomas em parceria com o escritor Len Wein e o diretor de arte da Marvel John Romita Sr. Sua primeira aparição nas páginas dos quadrinhos aconteceu nesse mesmo ano na revista ''The Incredible Hulk'' (O Incrível Hulk) N°180, publicada em outubro. Mas foi no mês seguinte, na edição N°181 que Wolverine teve mais destaque. Sua popularidade entre os fãs cresceu bastante desde então, fazendo com que o mutante fizesse várias aparições nas HQs, desenhos animados e jogos de videogames, sempre ao lado dos seus parceiros, os X-Men, ou então com outros personagens do Universo Marvel

A primeira aparição do personagem no cinema aconteceu em 2000 em ''X-Men: O Filme'', longa dirigido por Bryan Singer. Na pele do carismático, talentoso e até então desconhecido ator australiano Hugh Jackman, o mutante com longas garras afiadas de Adamantium rapidamente conquistou uma legião de fãs e admiradores. O sucesso fez com que ele estivesse presente em outros filmes da franquia, sempre com um importante papel a desempenhar em cada um desses filmes. Foi em 2009 que a Fox, hoje propriedade da toda poderosa Walt Disney e que na época tinha os direitos de adaptação da franquia para as telas, resolveu ampliar o universo dos mutantes com uma série de filmes contando as origens dos personagens mais importantes do universo X-Men. O escolhido para dar inicio a essa ideia não foi outro se não o próprio Wolverine, mais uma vez interpretado pelo esforçado Hugh Jackman. Surgiu a partir dai uma trilogia de filmes com o herói. Uma trilogia muito boa, mesmo com os seus altos e baixos. E é sobre essa trilogia do herói que o Recomendo Filmes começa esse especial da franquia X-Men. Para quem gosta do personagem e do universo dos mutantes, recomendo a leitura dessa matéria, com curiosidades e opiniões pessoais sobre os três filmes. Vamos lá!


X-MEN ORIGENS: WOLVERINE (X-MEN ORIGINS: WOLVERINE - 2009) - Ação/fantasia, 107 minutos. PRODUZIDO POR: Stan Lee, Richard Donner e Hugh Jackman. DIRIGIDO POR: Gavin Hood. ELENCO: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Lynn Collins, Danny Huston, Ryan Reynolds, Will.I.Am, Taylor Kitsch, Dominic Monaghan, Kevin Durand, Daniel Henney. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 37%


Depois de enfrentar inúmeras guerras e travar muitos combates com inimigos poderosos, Logan (Hugh Jackman) vive tempos de paz ao lado da sua amada Kayla (Lynn Collins). No entanto, uma tragédia pessoal cai sobre os ombros do mutante canadense, despertando nele o desejo de vingança contra o seu violento meio-irmão Victor Creed (Liev Schreiber). Para que sua vingança seja bem sucedida, Logan une forças, mesmo contra a sua vontade, com o cientista-Major William Stryker (Danny Huston). Em sua jornada, Logan também acaba descobrindo uma sombria conspiração envolvendo os mutantes. 

Vamos começar falando sobre aquele que é considerado por muitos, e eu me incluo entre eles, o filme mais fraco dessa trilogia com o mutante mais famoso do universo X-Men. É curioso, pois na maioria dos casos, o terceiro filme de uma trilogia é sempre visto como o mais fraco. Entretanto, com a trilogia do Wolverine, aconteceu exatamente o contrário. ''X-Men Origens: Wolverine'', mesmo com alguns acertos, é sem sombra de dúvidas um filme bem inferior, não apenas dentro da trilogia mas também dentro de toda a franquia dos mutantes comandada pela Fox. A premissa é ótima: explorar as origens e o passado romântico, dramático e violento de Logan e como ele se tornou o famoso Wolverine. Quando esse filme foi anunciado, os fãs ficaram muito empolgados, já que a história do mutante havia sido pouco explorada na primeira trilogia dos anos 2000 comandada por Bryan Singer e Brett Ratner. Tivemos um pouco desse passado misterioso e sombrio de Logan no roteiro de ''X-Men 2'' em 2004, mas os fãs queriam mais. Como foi dito, uma excelente ideia. É uma pena que ela não foi completamente bem executada nas telas. Sob a direção do cineasta sul africano Gavin Hood, cujo em seu currículo está o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro ''Infância Roubada'', ''Origens'' se revela um filme sem peso e com pouquíssimo impacto e emoção, o que é uma pena, já que sua premissa, como foi dito, é formidável. Ao longo de suas 1 hora e 47 minutos, o filme promete a todo momento ser grandioso, épico e comovente mas não é isso que se vê na prática. 

Nem todos os personagens ganham um desenvolvimento satisfatório do roteiro. Alguns deles são outros mutantes do universo X-Men que aparecem só para cumprir tabela e agradar os fãs mais fervorosos. A história é até legal, mas como disse, não empolga e não tem o peso que ela merecia. Gavin Hood é um bom diretor e faz o que pode para extrair o máximo de profundidade do roteiro, mas nem sempre consegue. Isso sem contar que várias desses personagens que aparecem na história foram em sua maioria descaracterizados. Nem o próprio Wolverine escapa completamente intacto, já que muito da sua personalidade tão marcante nos quadrinhos como a selvageria, violência e impaciência foram amenizadas pelo roteiro, claramente buscando atrair uma plateia mais jovem e uma classificação indicativa mais branda. É um Wolverine muito bonzinho e tolerante, mesmo com tanta coisa ruim acontecendo com ele. Faltou aquele Wolverine mais casca grossa dos quadrinhos nas telas. O romance, principal foco da narrativa, é fraco. É legal ver que Logan se apaixonou e tentou viver uma vida de paz e tranquilidade com a pessoa amada. Porém, faltou desenvolver melhor esse relacionamento. A própria trama de vingança clichê também deveria ter sido melhor conduzida. Algumas decisões de roteiro são bem controversas, a maior delas, para mim, foi a resposta de como o herói perdeu a sua memória, o que acaba soando pouco convincente. Junto com isso, temos alguns furos de roteiro impossíveis de ignorar. E por último, ainda falando das descaracterizações dos personagens, não podemos esquecer daquela versão tosca, horrorosa, vergonhosa e esquecível do Deadpool de Ryan Reynolds, ou melhor, deve ser esquecida sim, já que felizmente, depois disso, o anti-herói tagarela ganhou uma adaptação de respeito pelas mãos do próprio ator em 2016, algo que foi claramente um pedido de desculpa da Fox para os fãs desapontados, depois do fiasco que vemos aqui.






Mas daí você me pergunta: não tem nada no filme que te agrada? É claro que tem. As cenas de ação e porrada são em sua maioria muito boas, mesmo que ilogicamente percebe-se a ausência de sangue em momentos onde os personagens se machucam pra valer, sendo essa mais uma vez a intenção dos realizadores de evitar uma classificação indicativa mais pesada. A montagem é um tanto frenética, mas em um contexto geral tais cenas são empolgantes e divertidas. Os efeitos visuais também são decentes, tirando uma cena ou outra em que as garras do Wolverine parecem um pouco artificiais. Mesmo assim, eu gostei do resultado final. O mesmo pode ser dito em relação a trilha sonora. Hugh Jackman está muito bem como o Wolverine. Desde 2000, quando foi escalado para interpretar o personagem no primeiro filme dos X-men, o ator mostrou que era a escolha perfeita para o papel. E aqui, mesmo com as falhas do roteiro, o astro está mais uma vez a vontade e muito comprometido. O mesmo pode ser dito da versão do Dentes-de-Sabre vivido por Liev Schreiber, que aqui é o meio-irmão do protagonista e se chama Victor. Controverso para alguns, principalmente para quem assistiu ''X-Men: O Filme'' ou leu os clássicos quadrinhos da Marvel, mas que para mim funcionou. É um antagonista forte, ameaçador e no mesmo nível do Logan em questões de habilidades e força. Danny Huston é o grande vilão da trama, e um vilão muito bom, sendo bem sucedido em provocar no espectador sentimentos de raiva, revolta e asco. É o retrato perfeito do homem que acha que pode fazer as coisas mais terríveis do mundo e ainda sair impune, manipulando e mentindo para todos ao seu redor. Vale mencionar a participação divertida do cantor Wii.I.Am, cujo o personagem é cheio de estilo e bons momentos, mesmo sem qualquer desenvolvimento do roteiro. 

O filme tem algumas sequências bem legais. As cenas do laboratório, onde Logan passa pelo sinistro programa Arma X, são muito boas. Toda a sequência envolvendo o casal de velhinhos é ótima, com um teor de humor, reflexão e emoção na medida. Tudo o que envolve o mutante Gambit de Taylor Kitsch também me agradou, com exceção do seu sotaque inglês, sendo que nos quadrinhos, ele é francês.  A ótima sequência de abertura, mostrando a infância de Logan e logo em seguida sua participação em grandes eventos da história como as guerras mundiais e a guerra do Vietnã são irretocáveis, assim como todos os acontecimentos que se passam na África. O filme perde força e impacto a partir do momento em que a personagem de Lynn Collins entra em cena, mesmo que, repito, tenha os seus bons momentos.

''X-Men Origens: Wolverine'' começa muito bem, mas vai deixando de surpreender conforme a trama avança. E por mais que tenha sim o seus bons momentos, a sensação que fica é que o nosso querido mutante com garras merecia um filme de origem melhor. Não é um completo desastre, mas sem dúvida tinha tudo para ser uma das melhores adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema, só que infelizmente não é, já que a essência do personagem não foi bem aproveitada infelizmente. Hugh Jackman e Gavin Hood tentam, mas não conseguiram por completo mostrar quem o Wolverine é de verdade. O que podemos tirar de proveitoso disso é saber que esse ''Origens'' resultou duas sequências infinitamente melhores e superiores pelas mãos do competente e talentoso James Mangold. 

Nota: ★★★★★★ 6




WOLVERINE IMORTAL (THE WOLVERINE - 2013) - Ação/Drama, 126 minutos. PRODUZIDO POR: Stan Lee e Joe Caracciolo Jr. DIRIGIDO POR: James Mangold. ELENCO: Hugh Jackman, Rila Fukushima, Tao Okamoto, Svetlana Khodchenkova, Hiroyuki Sanada, Famke Janssen, Brian Tee, Ian McKellen, Patrick Stewart. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 71%


Deixando o seu passado trágico e violento para trás, principalmente depois da  morte da sua amada Jean Grey (Famke Janssen), Logan (Hugh Jackman) abandona a identidade do Wolverine, se isolando de tudo e de todos. Quando a jovem e misteriosa Yukio (Rila Fukushima) o convida para ir até o Japão, Logan revisita o seu passado e encara novos perigos e desafios para proteger Mariko (Tao Okamoto), a herdeira de uma imensa companhia de tecnologia, cuja a vida corre perigo em meio a uma conspiração sombria e mortal. Vulnerável pela primeira vez na vida, o mutante precisará superar os seus limites diante de tal ameaça. 

Graças a Deus as preces dos fãs foram atendidas e ''Wolverine Imortal'' é infinitamente superior ao primeiro filme de 2009. A começar pelo próprio roteiro, que é muito melhor. Baseado na aclamada história em quadrinhos criada por Chris Ciaremont e o fantástico Frank Miller, a história abandona o território americano e se transporta para Tóquio. E felizmente, é uma história muito mais interessante e com um belo desenvolvimento de personagens e ações. É uma trama cheia de conspiração, mistério e ação envolvendo a Yakuza, a famosa máfia japonesa com vilões poderosos e sinistros. Isso sem contar as homenagens e referências a cultura do país, como os costumes e as artes maciais.  O roteiro também se concentra nos traumas e culpas do protagonista, além de um romance que, ao contrário daquele visto no primeiro filme, funciona muito bem, graças as motivações, bom desenvolvimento e excelente química. No meio de tudo isso está a direção bem sucedida de James Mangold, famoso pelos bons ''Johnny e June'' (2005) e o mais recente ''Ford vs Ferrari'' (2019) e que é muito mais diretor que Gavin Hood. Como eu disse nos meus comentários acima do filme anterior, Hood é um bom diretor, mas Mangold se revela uma escolha muito mais acertada dentro dessa trilogia. Tanto que ele foi novamente convidado para dirigir o filme solo seguinte do famoso mutante da Marvel, de tanto que agradou. Claro, não seremos injustos, James Mangold teve muito mais liberdade do estúdio do que o seu antecessor. E por mais que ''Wolverine Imortal'' seja a Fox tentando se desculpar com os fãs depois que muitos saíram desapontados de ''X-Men Origens: Wolverine'', o enredo não esquece completamente do filme de 2009, já que encontramos algumas referências e menções à primeira aventura do mutante no decorrer da trama, conectando os dois filmes de maneira muito interessante. 





 O diretor acerta no tom do filme, entre outros acertos,  já que ele, mais do que seu antecessor, entende a a natureza do personagem. Aqui, temos um vislumbre do que tanto queríamos ver em seu filme de origem: um Wolverine mais violento, que não leva desaforos pra casa e não tem dó de matar com selvageria se necessário. Isso torna o próprio filme bem mais violento que a produção de 2009, e olha que ambos foram lançados com a mesma classificação indicativa de 14 anos.  Agora, os personagens, principalmente o protagonista, sangram quando são feridos ou se machucam. Inclusive, algumas cenas são até que bem viscerais. Nada muito exagerado, mas com suficiente quantidade de violência para satisfazer os fãs do herói e fazer sentido dentro da narrativa. Era isso que foi deixado de lado para poupar as plateias mais jovens no filme anterior e James Mangold e o estúdio tiveram o bom senso e a lógica de inserir esse elemento nesse segundo filme. Nada apelativo, mas satisfatório. Aliás, a própria ideia de um Wolverine mais vulnerável pela primeira vez nas telas funciona, já que a sensação de perigo e temor do que pode vir acontecer com o mutante é genuíno. E é muito interessante de ver ele se virando diante dessa complicada situação. Além disso, a narrativa conserva o carisma e charme do personagem, algo que foi bem estabelecido em todos os filmes da franquia ''X-Men'' que ele participou. É o famoso bruto gentil que todos nós aprendemos a gostar. ''Wolverine Imortal'', acima de tudo, é um filme mais humano e dramático, que toca em temas como luto, culpa, traição, ganância, preconceito e cobiça, indo além de uma simples história de super-heróis. É claro que tem os seus clichês e semelhanças com outros filmes do gênero, sem contar os diálogos alto explicativos e didáticos. No entanto, a forma como o roteiro lida com esses temas citados é muito bom. 

Até mesmo na qualidade técnica de produção, o filme é muito superior se compararmos ao filme de Gavin Hood. Os efeitos visuais evoluíram. O CGI é de alta qualidade e serve muito bem ao seu propósito, sem sobrecarregar as cenas e nem soar exagerado. Existem também muitos efeitos práticos, especialmente nas cenas de ação. Falando na ação, as sequências são mais cruas e empolgantes, graças a ótima movimentação de câmera do diretor, que aposta muito na câmera de mão para transmitir mais realismo e adrenalina. Sem contar que toda a ação é muito bem produzida e com um trabalho de montagem frenético e sensacional. A maquiagem é impressionante, destacando bem os ferimentos no corpo de Logan ou até mesmo no visual da principal vilã do filme. A edição e mixagem de som é excelente e a trilha sonora cumpre muito bem o seu papel. 







No elenco, Hugh Jackman dá um show na pele do nosso querido mutante com garras. É um Wolverine marcado pelo passado e tomado pela culpa, além de estar mais casca grossa, do jeito que os fãs querem. Mas quando precisa entrar em ação e fazer a coisa certa, não mede esforços, e Jackman mantém o carisma e boa vontade para interpretá-lo. É a sua segunda melhor performance dentro da franquia X-men, ficando atrás apenas de ''Logan'' (2017). Rila Fukushima é uma gracinha. Além da sua personagem ser bem legal, sua interação e boa química em cena com Hugh Jackman garante alguns dos melhores momentos do longa. Tao Okamoto interpreta uma personagem antipática no início do filme. Mas a partir do segundo ato, Mariko tem uma boa evolução e se torna digna da simpatia do espectador, já que o roteiro vai desenvolvendo sua personalidade e os mistérios e motivações em torno dela vão ficando mais claros. É outra que possui boa química com Hugh Jackman, já que sua personagem e Logan se tornam muito próximos. Famke Janssen já é bem conhecida pelos fãs da franquia por conta da sua performance na primeira trilogia cinematográfica dos mutantes. Aqui, ela aparece muito bonita como um fantasma que perturba os sonhos e pensamentos do herói e só quem assistiu essa primeira trilogia dos mutantes, principalmente o filme ''X-Men: O Confronto Final'' (2007) vai conseguir entender a sua importância para o personagem de Hugh Jackman.  Hiroyuki Sanada, Will Yun Lee e Brian Tee não surpreendem, mas ambos tem sua função e importância dentro da trama. A principal vilã interpretada por Svetlana Khodchenkova traz um visual, poderes e presença bem marcantes. Ela consegue ser ameaçadora até chegar no desfecho do longa, onde fica um pouco apagada. No entanto, não é nada que realmente tire os seus méritos. 

''Wolverine Imortal'' é um ótimo filme. Depois de um primeiro filme cheio de falhas, Wolverine brilha em um filme que acha o tom certo para ser uma boa adaptação dos quadrinhos da Marvel. É um grande entretenimento que sabe trabalhar sua história e seus temas muito bem, sendo um dos grandes momentos do mutante nas telas do cinema, para a nossa alegria. 

Nota: ★★★★★★★★★ 9



LOGAN (2017) - Ação/Aventura/Drama, 137 minutos. PRODUZIDO POR: James Mangold e Stan Lee. ESCRITO E DIRIGIDO POR: James Mangold. ELENCO: Hugh Jackman, Dafne Keen, Patrick Stewart, Boyd Holbrook, Stephen Merchant, Richard E. Grant, Elisabeth Rodrigues, Eriq La Salle, Elise Neal. CLASSIFICAÇÃO: 16 Anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 93%


A trama se passa no futuro ano de 2029. Os mutantes foram quase que completamente erradicados do planeta, incluindo os X-Men. Logan (Hugh Jackman), agora mais velho, trabalha como motorista particular na fronteira entre os Estados Unidos e o México e cuida de um frágil e debilitado professor Charles Xavier (Patrick Stewart). Tentando fugir das dores do passado, a vida da dupla sofre uma reviravolta inesperada com o aparecimento da misteriosa Laura (Dafne Keen), uma jovem mutante com poderes e dons muito semelhantes aos do Wolverine. Quando uma misteriosa organização científica liderada por Donald Pierce (Boyd Holbrook) começa a persegui-la, cabe ao professor Xavier e principalmente Logan manter a jovem em segurança em uma feroz e violenta caçada humana. 

''X-Men Origens: Wolverine'' tem os seus bons momentos, mas não agradou todo mundo. ''Wolverine Imortal'' foi uma reviravolta bem sucedida e bem vinda dentro da trilogia do mutante com garras. Entretanto, é perfeitamente seguro dizer que ''Logan'' conseguiu supera-los, ultrapassando todos os limites e correspondendo todas as expectativas, fazendo desse terceiro filme um dos melhores da franquia ''X-Men'' no cinema e o melhor filme da trilogia estrelada por Hugh Jackman. Mais uma vez dirigido por James Mangold, também  responsável pelo roteiro e que por sua vez se baseia na HQ '' Velho Logan'' criada por Mark Millar e Steven McNiver, o filme já nasceu um clássico instantâneo e é uma obra-prima dentro das adaptações baseadas nas histórias em quadrinhos dos mutantes da Marvel. Depois de dar um vislumbre satisfatório em ''Imortal'', ''Logan'' finalmente presenteia os fãs do herói com tudo aquilo que eles tanto queriam ver em um filme com o personagem depois de 17 anos. Muito sangue e violência extrema com direito a um Wolverine casca grossa, mal humorado, impaciente e brutal quando necessário. James Mangold se liberta das amarras do estúdio e tem total liberdade em entregar um filme do Wolverine totalmente voltado para adultos com uma classificação indicativa +18 (no caso do Brasil, +16). E isso é ótimo, pois foi graças ao sucesso de público e crítica do primeiro ''Deadpool'' em 2016 que os realizadores finalmente perceberam que um filme baseado em quadrinhos voltado para o público adulto poderia ser bem sucedido. E como resultado, temos esse espetáculo de filme. 





Desde os seus minutos iniciais, a intenção de ''Logan'' é ser um filme bem diferente dos outros exemplares da franquia e da trilogia. Deixando de lado o tom mais quadrinhesco e fantasioso, a obra aposta em um drama de ação melancólico e pesado em torno do personagem. Aqui, encontramos o herói abatido, doente, desgastado e farto da vida que levou. É o retrato da decadência de um guerreiro que travou muitas batalhas e sofreu muitas perdas ao longo do caminho. Ao se ver mais uma vez comprometido em salvar uma vida, o herói caído tenta recuperar o que ainda se vale a pena lutar. Não é um roteiro exatamente original, já que claramente é possível encontrar referências e inspirações a outras obras, as principais delas talvez sejam o aclamado ''The Last Of Us'' que faz parte de uma bem sucedida franquia da Sony e o clássico Western ''Os Brutos Também Amam'' de 1953, que inclusive chega a ser mencionado no filme. Ainda é um filme de super-heróis com todos os seus elementos mas não é apenas isso, pois ele nos oferece muito mais com seus personagens bem construídos e sua narrativa poderosa. É algo tão incrível e fascinante que quando o filme acaba, dá vontade de assistir de novo logo em seguida. É realmente uma pena que um filme como esse tenha vindo tão tarde, já que ''Logan'' abre portas e novas possibilidades para outras produções cinematográficas do universo X-Men tão espetaculares quanto essa. É triste que a Fox, que hoje pertence a Disney, tenha demorado tanto tempo para perceber que um filme desse daria certo. Não que os outros filmes da franquia não sejam bons, porquê são sim. No entanto, ''Logan'' é algo tão fora da curva e que foge dos padrões que merecíamos ter visto isso antes. 

Acima de tudo, o filme é uma produção de cair o queixo com seu visual meio apocalíptico e meio faroeste. A cinematografia é belíssima, com uma paleta de cores de tons mais quentes que ressaltam os ambiente cujo o calor é predominante, e cores mais escuras que passam a sensação de perigo e ameaça. Temos ótimos efeitos práticos que se casam muito bem com o pouco CGI visto em cena. O trabalho de maquiagem é simplesmente espantoso. Basta ver a aparência envelhecida e machucada de Hugh Jackman ou a figura frágil e debilitada do professor Xavier de Patrick Stewart. Sério, é incrível e muito bem realizada. A ação não é o principal atrativo, já que o roteiro se preocupa bastante com a história e o desenvolvimento dos personagens. No entanto, quando toma conta da tela, ela é espetacular e impressiona pela violência e brutalidade. James Mangold a dirige com energia e um virtuosismo admirável, chocando os mais sensíveis e deixando outros com o coração a mil por conta da adrenalina. A trilha sonora é mais uma vez comandada por Marco Beltrami, depois da sua parceria com o diretor James Mangold em ''Wolverine Imortal'', e ela é tão épica e emocionante quanto foi no filme de 2013, ilustrando os momentos mais eletrizantes e também os mais emocionantes. 

Hugh Jackman conseguiu se superar e entrega sua melhor atuação como Wolverine. Não é exagero dizer que ele merecia ter sido mais reconhecido com pelo menos uma indicação ao Oscar, o que não aconteceu. Seja na fisicalidade ou no tom que dá ao personagem, sua performance é crua e realista, transmitindo com perfeição as dores, angústias e desgaste do herói. É brilhante em todos os seus aspectos. Infelizmente, essa foi a sua despedida do personagem depois de 17 anos o interpretando. E essa despedida não poderia ser mais memorável e emocionante, ao ponto de arrancar lágrimas no final. Exatamente o mesmo pode ser dito do veterano Patrick Stewart que também dá adeus ao seu professor Charles Xavier com uma presença marcante e igualmente comovente. Ambos conseguiram deixar seus nomes gravados para sempre no coração de centenas de milhares de fãs no mundo inteiro. A grande revelação é Dafne Keen como a mutante X-23 e ela está ótima, já que sua personagem é basicamente uma versão mirim do Wolverine. Os dois juntos simplesmente arrasam. Boyd Holbrook é um bom antagonista, sendo bastante ameaçador e bem sucedido na construção do seu personagem. Já Stephen Merchant e Richard E. Grant não impressionam, mas ambos tem as suas funções dentro da história. 







''Logan'' é uma despedida emocionante e brutal para a épica saga do Wolverine que durante 17 anos foi vivido de maneira sublime por Hugh Jackman. Mais do que isso, é um ótimo filme que o personagem merecia a anos. Prepare os lenços e o coração pois essa última aventura do herói arranca muitas lágrimas, tanto de tristeza quanto de alegria. 

Nota: ★★★★★★★★★★ 10



CURIOSIDADES: 


X-MEN ORIGENS: WOLVERINE (2009)

  • Antes de Gavin Hood, a direção do filme foi oferecida para Zack Snyder (Batman Vs Superman/ 300) e Bryan Singer (Bohemian Rhapsody/ Os Suspeitos), sendo que esse último já havia comandado os dois primeiros filmes dos X-Men em 2000 e 2004. Entretanto, ambos recusaram. No caso de Zack Snyder, além de estar bastante ocupado com a produção do filme ''Watchmen'', ele desistiu depois da Fox recusar o seu pedido para realizar um filme para maiores, com alta classificação. 
  • Além deles, Brett Ratner (X-Men: O Confronto Final) e Len Wiseman (Anjos da Noite) se interessaram em dirigir o filme. 
  • O ator Liev Schreiber foi convidado pelo próprio Hugh Jackman para fazer parte do elenco. A intenção inicial era que ele interpretasse o Coronel William Stryker. No entanto, o ator ficou mais interessado em viver Victor Creed, o Dentes-de-Sabre. ''X-Men Origens: Wolverine'' é a segunda parceria entre os dois atores, sendo que eles já haviam trabalhado juntos na comédia romântica Kate & Leopold (2001). 
  • Com o filme, Hugh Jackman se tornou o segundo ator que interpretou mais vezes um mesmo super-herói. Antes dele, Christopher Reeve havia interpretado 4 vezes o Superman entre 1978 e 1987. 
  • Um mês antes do lançamento oficial de ''X-Men Origens: Wolverine'', uma cópia oficial do filme ainda não finalizada caiu na internet, batendo recordes de downloads ilegais. Mesmo assim uma forte campanha realizada pela Fox e os próprios fãs incentivou que todos vissem o filme nos cinemas. 
  • Só no brasil, o filme foi visto por mais de 800 mil pessoas, tornando-se um  grande sucesso por aqui. 
  • A intenção do estúdio era que o ator Liev Schreiber usasse próteses e maquiagem nos músculos para poder ficar com um físico semelhante ao de Hugh Jackman. No entanto, o astro recusou por não se sentir confortável. Por fim, ele acabou pedindo um tempo para treinar e ganhar massa muscular. 


WOLVERINE IMORTAL (2013)

  • O roteiro do filme ficou a cargo de Christopher McQuarrie, vencedor do Oscar pelo filme ''Os Suspeitos'' (1996). 
  • Antes de James Mangold assumir a direção, ela havia sido oferecida a Darren Aronofsky (Cisne Negro/ Réquiem Para um Sonho). O diretor recusou a oferta para passar mais tempo com sua família. 
  • Outros grandes diretores como o brasileiro José Padilha (Tropa de Elite 1 e 2), Doug Liman (A Identidade Bourne), Antonie Fuqua (Dia de Treinamento) Justin Lin (Velozes e Furiosos3, 4,5,6 e 9) também tiveram os seus nomes associados ao projeto de direção do filme. 
  • Ao se preparar para dar vida mais uma vez ao Wolverine, Hugh Jackman chegou a pedir dicas e conselhos ao astro Dwayne Johnsson, o The Rock, para assim conseguir o físico desejado. 
  • As atrizes Jéssica Biel e Amanda Seyfried tiveram seus nomes considerados para interpretar a vilã do filme, a mutante Víbora. 
  • O responsável pela decoração do filme também trabalhou em outros dois filmes baseados em histórias em quadrinhos que foram ''Batman Eternamente'' (1995) e ''Homem-Aranha 2'' (2004)
  • Para que o filme fosse rodado no país, o governo da Austrália, terra natal de Hugh Jackman, investiu 13 milhões no orçamento do filme. 


LOGAN (2017)

  • De acordo com o ator Hugh Jackman, alguns fatores contribuíram para que essa fosse sua última vez interpretando o Wolverine, como a idade e o diagnóstico de um câncer de pele. 
  • De acordo com o diretor James Mangold, Hugh Jackman permitiu que parte do seu salário fosse reduzido para permitir que o filme recebesse uma classificação indicativa alta. Como fã do personagem, o ator sempre quis que um filme do Wolverine para maiores fosse realizado.
  • ''Logan'' foi o primeiro filme de super-heróis a receber uma indicação ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, um feito inédito para o gênero. 
  • Assim como foi o caso de ''Deadpool'' em 2016, ''Logan'' foi um grande sucesso de bilheterias para um filme de super-heróis destinado a adultos. No total, foram mais de 600 milhões arrecadados com um orçamento de 97 milhões. 





 

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