Whiplash: Em Busca da Perfeição (2014) - Análise - Miles Teller e J.K Simmons espetaculares nesse drama intenso e sem limites!


 Por: Rudnei Ferreira


O cineasta americano Damien Chazelle dirigiu poucos filmes, mas já mostrou que tem talento de sobra. Seu primeiro trabalho cinematográfico veio em 2009, quando ele escreveu, produziu e dirigiu o drama musical ''Guy And Madeline on a Park Bench''. Seu talento chamou a atenção de Hollywood, o que permitiu o diretor e roteirista comandar grandes sucessos de público e crítica como foi o caso do romântico musical ''La La Land: Cantando Estações'' de 2016 e o emocionante drama espacial ''O Primeiro Homem'' de 2018. Ambos os filmes chamaram a atenção nos festivais de cinema e nas grandes premiações cinematográficas como o Globo de Ouro e o Oscar. Mas foi com esse filme aqui comentado hoje que o diretor deu uma guinada na sua carreira. 

Estrelado pelos talentosos Miles Teller e J.K simmons, ''Whiplash'', que no Brasil recebeu o subtítulo ''Em Busca da Perfeição'' obteve aclamação comercial e crítica, sendo considerado um dos melhores trabalhos da carreira do diretor, se não o melhor. E de fato, o longa escrito e dirigido por Chazelle é fantástico em tudo que se propõe a apresentar na tela. 






A história acompanha o protagonista Andrew Neiman (Miles Teller), um jovem talentoso que sonha em se tornar um dos maiores e mais respeitados bateristas de todos os tempos. Porém, na escola de música onde estuda, ele é testado de todas as formas por Terence Fletcher (J.K Simmons) um exigente e rigoroso professor, o que fará com que Neiman ultrapasse os limites da sua capacidade física e mental. 

Confesso que não assisti a ''Guy and Madeline on a Park Bench'' e não tive muita paciência com ''La La Land'', embora reconheça que ele é muito bem realizado. No entanto, acho ''O Primeiro Homem'', a cinebiografia de Neil Armstrong um grande filme. Mas foi com esse ''Whiplash'' que vi o quanto Damien Chazelle é um cara absurdamente talentoso para escrever e dirigir um longa metragem. Com um roteiro de estrutura simples, porém muito bem construído, o filme fala sobre sonhos, conquista, causa e consequência e até que ponto o ser humano é capaz de chegar para alcançar a perfeição em seus objetivos, causando uma obsessão tão forte que isso faz com que a pessoa vá muito além dos seus limites físicos e mentais. E tudo isso é abordado através de um ótimo roteiro com um ótimo estudo de personagens e situações, onde tanto o protagonista quanto o coadjuvante recebem um tratamento satisfatório. O que a narrativa mostra é que as vezes, o incentivo para ser excepcional nem sempre é agradável e muito menos fácil, mas com esforço e muita força de vontade o resultado pode ser surpreendente. ''Whiplash'', acima de tudo, é uma obra cinematográfica para ser sentida. É um filme intenso, visceral, hipnotizante, cheio de camadas e surpreendente, em um nível de imersão absurdo que coloca o espectador dentro da trama como se fosse mais um dos personagens que fazem parte da banda comandada pelo exigente personagem de J.K Simmons.  






Damien Chazelle não se utiliza apenas do roteiro primoroso para contar com maestria a sua história. Ele também traz um excelente uso da linguagem cinematográfica. Com uma montagem fantástica, unida a trilha sonora, a edição de som e os movimentos de câmera, as cenas estabelecem o ritmo e o poder de imersão do espectador para com o filme. Isso resulta em várias sequências fascinantes, que provocam em quem assiste as mais variadas emoções que vão desde tensão, aflição e excitação. E tudo isso funciona perfeitamente bem graças a direção incrível de Chazelle, que parece se divertir com os rumos e as possibilidades da narrativa criada por ele. 

E que elenco sensacional escolhido por Chazelle para dar vida aos seus personagens. Miles Teller está absolutamente entregue ao seu protagonista. Sua performance é grandiosa e o ator literalmente dá o sangue para desempenhar um ótimo trabalho, chegando em um nível que o espectador é capaz de sentir todo o estresse físico e emocional do jovem baterista. Assim como Damien Chazelle foi injustamente ignorado na categoria de Melhor Diretor no Oscar, Miles merecia com certeza uma indicação para melhor ator. Por outro lado, se eles não foram prestigiados com o prêmio mais cobiçado do cinema, o veterano J.K Simmons fez por merecer sua estatueta de Melhor Ator Coadjuvante. Sério, que personagem fascinante e que atuação monstruosa do ator. Seu comprometimento com o papel é tamanho que tanto o protagonista quanto os demais personagens e o espectador se sentem intimidados e temerosos diante da sua presença. É um personagem magistralmente bem escrito, cheio de palavras fortes e cruéis, onde até se pode entender as suas motivações, mesmo que suas atitudes sejam bem questionáveis. Seus métodos de incentivos são assustadores, mas no final, válidos. Sem dúvida uma das melhores atuações da sua carreira e porquê não dizer da década. Juntos em cena, a dupla arrasa e faz com que o público não desgrude os olhos da tela nem por um segundo. Na medida do possível, todos que compartilham a tela com os dois estão muito bem. Mas não adianta, eles seguram todas as cenas e roubam o filme para eles.  

''Whiplash: Em Busca da Perfeição'' começa muito bem e termina ainda melhor, com um desfecho poderoso e digno de toda a grandeza do filme. Impecável na sua execução e com atuações não menos que espetaculares, Damien Chazelle dirige e escreve aquele que é provavelmente o melhor trabalho de toda a sua filmografia até agora. Impressionante e envolvente do início ao fim, ''Whiplash'' é muito bom mesmo.

Nota: ★★★★★★★★★★ 10




WHIPLASH: EM BUSCA DA PERFEIÇÃO (WHIPLASH - 2014) - Musical/drama, 106 minutos. ESCRITO E PRODUZIDO POR: Damien Chazelle. ELENCO: Miles Teller, J.K Simmons, Melissa Benoist, Paul Reiser, Nate Lang, Austin Stowell. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 94%


CURIOSIDADES: 

  • Durante as cenas mais intensas, Damien Chazelle não interrompia as gravações com o famoso ''Corta!'', com a intenção que Miles Teller continuasse a rufar a bateria até o seu esgotamento. 
  • J.K Simmons e Miles Teller filmaram várias tomadas para a cena onde Fletcher dá tapas na cara de Neiman. Nessas tomadas, J.K Simmons apenas fingia bater no rosto de Miles Teller, porém, foi na tomada final que o jovem ator levou tapas de verdade. E é essa tomada que foi inserida no corte final do filme. 
  • Miles Teller toca bateria desde os 15 anos de idade. Porém, para o filme, ele ficou com várias bolhas nas mãos devido a intensidade com que tocava o instrumento nas cenas. O realismo desses momentos foi tanto que o ator chegou realmente a sangrar em cima da bateria como é visto no filme. 
  • Mesmo com experiência em tocar bateria, Miles Teller teve aulas adicionais quatro horas por dia, três vezes na semana, com o propósito de se preparar para o papel. 
  • Originalmente, ''Whiplash'' foi transformado em um curta metragem que chegou a ganhar o prêmio do Júri no Festival de Sundance no ano de 2013. Com o sucesso, Damien Chazelle, que dirigiu e escreveu o curta, obteve o financiamento necessário para transformar a história em um longa metragem. O diretor se baseou em suas próprias experiências no Ensino Médio, quando fez parte de uma banda, para assim escrever o roteiro. Inclusive, o personagem de J.K Simmons foi inspirado no seu professor de banda, que também o intimidava. 
  • ''Whiplash: Em Busca da Perfeição'' recebeu 5 indicações ao Oscar em 2015: ''Melhor Filme'', ''Melhor Ator Coadjuvante - J.K Simmons'', ''Melhor Roteiro Adaptado - Damien Chazelle'', ''Melhor Montagem'' e ''Melhor Mixagem de Som''. Levou para casa 3 Oscar: Ator Coadjuvante, Montagem e Mixagem de Som. 
  • Foi também indicado e levou o Globo de Ouro de ''Melhor Ator Coadjuvante'' para J.K Simmons. 
  • Em 2017, a revista Empire colocou o filme na lista dos 100 melhores filmes de todos os tempos. 



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