Raya e o Último Dragão (2021) - Análise - Uma belíssima e envolvente obra da Disney!


 Por: Rudnei Ferreira


A pandemia provocada pelo Coronavírus afetou praticamente todos os setores profissionais que se possa imaginar. Um desses grandes afetados foi a indústria do entretenimento. Os cinemas fecharam as portas e não foram poucas as produções cinematográficas que tiveram que ser adiadas e suas datas de lançamento remarcadas. Por conta dessa triste situação, os serviços de Streaming se tornaram a principal opção de muitas pessoas na hora de procurar por um bom filme. Entre tantas opções, a Disney, que também sofreu com a atual situação, lançou mundialmente o seu próprio serviço de Streaming, o ''Disney +'', disponibilizando para os seus assinantes quase todas as suas produções cinematográficas, além de programas e séries relacionadas a marca. A plataforma foi também a opção que a casa do Mickey  encontrou para lançar os seus filmes que foram adiados por causa da pandemia. 

O filme animado ''Raya e o Último Dragão'' é uma dessas produções que tiveram o seu lançamento adiado nos cinemas, mas agora pode ser conferido no Streaming da Disney. Belo, empolgante, emocionante e envolvente, o longa é um entretenimento encantador em todos os sentidos que tem o poder de maravilhar o público. 






Há muitos anos atrás, no fantástico reino de Kumandra, os humanos eram unidos e viviam em harmonia com os dragões, seres mágicos que mantinham o equilíbrio do mundo. Porém, terríveis criaturas das trevas surgiram causando uma grande onda de terror. Para proteger a humanidade, os dragões se sacrificaram e criaram juntos uma joia de imenso poder contendo o poder de cada um deles. 500 anos se passaram e a humanidade deixou de lado a união, e a joia dos dragões foi repartida e seus fragmentos separados, o que fez com que o mal mais uma vez ganhasse forma, sempre a espreita e pronto para atacar. Por conta disso, a jovem Raya (voz de Kelly Marie Tran) se encarrega de viajar por um vasto cenário para recuperar os fragmentos e restaurar novamente a paz e os dias de grandeza de sua nação. Para isso, ela irá contar com a ajuda de Sisu (voz de Awkwafina), o último dragão, para realizar essa missão e unir novamente todos os povos, restaurando mais uma vez o equilíbrio e a paz. Em seu caminho, elas irão enfrentar muitos desafios até que possam finalmente concluir o objetivo, antes que seja tarde demais.   

''Raya e o último Dragão'' é mais um filme com a típica e já bem estabelecida fórmula Disney: o protagonista passa por situações difíceis e em alguns casos traumáticas. Isso o incentiva a embarcar em uma jornada cheia de desafios e lições para reverter a situação, enfrentar o vilão e salvar aqueles que ele ama. Ou seja, a trama do filme é bem semelhante a outras criadas pelo estúdio. Como essa é a fórmula do sucesso que fez muitos filmes da Disney se tornarem clássicos aclamados pelo público, era muito difícil esperar que com ''Raya'', ela fosse deixada de lado. Conclusão: não foi dessa vez que a casa do Mickey se reinventou em uma obra cinematográfica. Mas quero deixar bem claro que isso não é um ponto fraco do roteiro, nem muito menos uma crítica. Muito pelo contrário. Mesmo se repetindo, quando essa formula é bem trabalhada pelo roteiro, ela ainda gera bons resultados, e felizmente, esse é mais um daqueles casos do estúdio que deram muito certo. Algumas coisas foram deixadas de lado, como a ausência das várias canções cantadas pelos personagens. Em ''Raya'' não vemos nada disso, o que é um grande alívio, pois o filme flui muito bem sem a necessidade de ter a cada minuto um personagem cantando. Eu sei que fazer filmes musicais já é parte da Disney. Inclusive, alguns dos meus filmes favoritos do estúdio como ''O Rei Leão'', ''Pocahontas'', ''O Corcunda de Notre Damme'' e o mais recente ''Enrolados'' bebem dessa fonte e ainda assim são grandes filmes. Mesmo assim, a ausência de personagens cantando continuamente é uma decisão acertada e bem vinda.

Dito isso, ''Raya e o último Dragão'' foi para mim uma experiência extremamente agradável, divertida, emocionante e super envolvente, como só os melhores filmes da Disney já foram capazes de me proporcionar. A história é muito boa, cheia de acontecimentos marcantes e um ótimo ritmo. Os personagens são cativantes e muito bem aproveitados pelo roteiro. A jornada da protagonista prende a atenção e desperta fascínio, nos deixando envolvidos e investidos, torcendo para que a sua jornada seja bem sucedida. Assim como fizeram no ótimo ''Moana'', a inserção de elementos da cultura de outras etnias, no caso de ''Raya'' a cultura oriental, é bem interessante e muito bem trabalhada dentro da história. Com uma certa sensibilidade, mas sem deixar de ser maduro para um filme infantil, o roteiro aborda temas sérios como traição, desilusão e desconfiança, mas exalta o quanto a união e o trabalho em equipe é muito importante para vencer as dificuldades e os momentos de desespero. Pensando nisso, é possível pensar que a Disney usou o longa para transmitir essa mensagem para o mundo atual, que como bem sabemos, vem enfrentando o maior dos desafios diante de uma situação tão crítica. Ou seja, a união, a compreensão e o respeito de todos nós é a chave para que o mal que domina o mundo atualmente, seja enfim vencido. Se essa foi de fato a intenção do estúdio, então ''Raya e o último Dragão'' é um filme cheio de metáforas e significados, pois é realmente possível fazer essa analogia com a nossa realidade, o que me faz gostar ainda mais do longa. 






O filme conta com outro aspecto incrível: a animação. Nesse quesito, a Disney mais uma vez não decepciona e consegue deixar qualquer um que assiste de queixo caído. Com um alto custo de orçamento, a preocupação dos animadores em entregar um ótimo trabalho é nítido desde a primeira cena. A riqueza de detalhes é de encher os olhos, pois tudo é absurdamente bem animado. Agua, poeira, arvores, folhas, a luz do sol, a escuridão da noite, as nuvens e a grama, tudo esta diante de nossos olhos com um cuidado de renderização absurdo. ''Raya'' é a prova de como o avanço na tecnologia vem cada vez mais beneficiando os filmes de animação. Os personagens, sejam eles humanos ou de outras espécies, possuem muita fluidez e camadas, excelente movimentação e muita expressividade. Os detalhes em suas aparências como pelos, cabelos, o olhar muito vivo e penetrante, o sorriso forte e expressivo e até mesmo uma lágrima que escorre sobre o rosto comprovam a perfeição na animação. Isso permite que o filme seja também muito colorido, com cores fortes e vibrantes. Como já deu para entender, ''Raya e o último Dragão'' é uma verdadeira obra-prima visual dentro dos filmes de animação atual. Toda a ação do filme é ótima, seja ela acontecendo em ambientes abertos ou durante os combates corporais, com ótima movimentação de câmera e uma boa montagem,  mérito da boa direção da dupla Carlos López Estrada e Don Hall que sabem conduzir muito bem cada detalhe. A única trilha sonora do filme serve muito bem o propósito de ilustrar os grandes momentos do filme, investindo bastante na imersão do público. 

Os personagens, como já citei, são muito bons, carismáticos, cativantes e com características principais fortes e marcantes. E para que esses personagens funcionem, foi escalado um bom elenco de vozes que completam o nosso envolvimento com cada um deles. A protagonista Raya é uma jovem forte e destemida, amargurada por acontecimentos do passado que a fizeram perder a fé e a confiança nas pessoas. Quem empresta sua voz para ela é a atriz Kelly Marie Tran, que felizmente teve aqui a justiça e o destaque que merecia depois de ser mal aproveitada na última trilogia de filmes da saga Star Wars, especialmente no terceiro filme. Sua interpretação entrega bem essa personalidade de Raya e a jovem atriz foi uma escolha de elenco bem acertada. Igualmente bem escalada é a atriz e cantora Awkwafina, cujo seu timbre de voz forte e marcante caiu como uma luva para a divertida dragão Sisu, que rouba a cena com seu humor inocente e peralta, a tornando uma ótima coadjuvante. Gemma Chan encontra o tom certo para Namaari, uma antagonista muito bem construída e super estilosa. Sério, eu adorei essa personagem. Sandra Oh, a diva da série ''Grey's Anatomy'', mesmo que apareça pouco, consegue impor sua presença ao dar vida a rainha Virana, mãe de Namaari.Benedict Wong e Izaac Wang como o grandalhão Tong e o esperto garotinho Boun funcionam como bons alívios Cômicos mesmo não sendo, ao meu ver, os melhores personagens. Ainda falando em alívio cômico, o conceito da bebê astuta e seus companheiros de picaretagem, embora absurda, é algo inédito e impagável que rende alguns momentos divertidos, isso sem contar a presença de Tuk Tuk, o fofo bichinho de estimação de Raya. Se conseguir, prefira assistir ao filme no idioma original, pois o elenco de vozes originais dá um show. 






''Raya e o último Dragão'' é super divertido e empolga com sua história envolvente e personagens cativantes, além de ser visualmente um dos filmes mais lindos e deslumbrantes da Disney. Bons motivos é que não faltam para conferir essa super produção animada que deixa um sorriso no rosto no final de sua exibição. Vale muito a pena conferir. 

Nota: ★★★★★★★★★ 9




RAYA E O ÚLTIMO DRAGÃO (RAYA AND LAST DRAGON - 2021) - Animação/aventura/fantasia, 107 minutos. DIRIGIDO POR: Don Hall e Carlos López Estrada. ELENCO: Kelly Marie Tran, Awkwafina, Gemma Chan, Alan Tudyk, Sandra Oh, Daniel Dae Kim, Benedict Wong, Izaac Wang, Thalia Tran. CLASIFICAÇÃO: 10 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 94%


CURIOSIDADES: 

  • O processo de animação de ''Raya e o último Dragão'' contou com uma equipe de mais de 400 animadores profissionais. Por conta da pandemia do novo Coronavírus, todas as ideias e conceitos, além da própria animação, foram desenvolvidos da casa de cada um deles. 
  • A Disney já explorou outras culturas e etnias em suas animações que não são a dos Estados Unidos. Em ''Mulan'', tanto na animação de 1998 quanto no live action de 2020, foi abordado a cultura chinesa, com suas tradições e crenças. Já em ''Moana: Um Mar de Aventuras'' de 2016, a ambientação foi a da antiga Polinésia, também explorando sua cultura. Já em ''Raya e o último Dragão'', a Disney se inspirou nas diversas culturas do Sudeste Asiático. Para esse processo, o estúdio contou com uma grande equipe de profissionais que incluía linguistas e antropólogos. 
  • Além disso, muitos profissionais da Disney viajaram para vários lugares como Indonésia, Tailândia, Vietnã, Camboja, Singapura e Malásia. 
  • ''Raya e o último Dragão'' é a estreia da primeira princesa da Disney vinda do Sudeste Asiático, como maneira de diversificar e trazer mais representantes de outras culturas e etnias como é o caso das já citadas Moana e Mulan e também a pequena Lilo de ''Lilo e Stitch''.  







Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Taken (2002) - Análise - Uma minissérie fascinante sobre Alienígenas e a natureza humana!

Spirit: O Corcel Indomável (2002) - Análise - Uma maravilha cinematográfica animada!

O expresso Polar (2004) - Análise - Mágico e deslumbrante como o Natal!

A Lista de Schindler (1993) - análise - Obra-Prima insuperável de Steven Spielberg!

Cidade Invisível (Série Original Netflix - 2021) - Análise - O Folclore Brasileiro para adultos!

O Predador (1987) - Análise - Arnold Schwarzenegger em sua melhor forma nesse clássico de ação e ficção científica!

Lawrence da Arábia (1962) - Análise - Um clássico atemporal e impressionante em todos os aspectos cinematográficos!

Curiosidades e fatos sobre o Oscar - Especial RECOMENDO FILMES!

Fantasmas do Abismo (2003) - Um incrível mergulho pela história!

O BEBÊ DE ROSEMARY (1968) - UM CLÁSSICO DOS FILMES DE TERROR QUE ENVELHECEU MUTO BEM!