Cruella (2021) - Análise - Emma Stone brilha na pele de uma das vilãs mais icônicas da Disney!



 Por: Rudnei Ferreira 


Foi no ano de 1961 que a Disney lançou nos cinemas um dos seus maiores clássicos. ''101 Dálmatas'' foi o décimo sétimo longa metragem de animação do estúdio, se tornando uma das maiores bilheterias daquele ano. A cativante história dos 101 filhotinhos da raça Dálmata que precisam evitar de virarem casacos de pele nas mãos da terrível vilã Cruella De Vil (voz de Betty Lou Gerson) conquistou o público e boa parte dos críticos, chegando a ganhar um prêmio BAFTA em 1962 de Melhor Filme de Animação. A vilã Cruella foi o grande destaque da animação, tornando-se uma das antagonistas mais lembradas da Disney depois disso. Em 1996, o estúdio do Mickey resolveu revisitar o seu clássico e produziu um filme em live action baseado na animação, com a atriz Glenn Close dando vida a vilã Cruella. Sua atuação é até hoje um dos grandes destaques do filme, que embora seja um entretenimento divertido, é inferior a ao clássico desenho animado dos anos 60. 

Mais de 20 anos se passaram e a Walt Disney teve a ideia de fazer um remake de todos os seus filmes de animação através de novas produções em live action. Além das histórias conhecidas pelo público como ''A Bela e a Fera'', ''Aladdin'', ''Dumbo'' e ''O Rei Leão'', o estúdio decidiu contar histórias novas para alguns de seus personagens, como foi o caso de Malévola. A vilã de ''A Bela Adormecida'', outro grande clássico, ganhou uma versão mais humanizada através de dois longas metragens estrelados por Angelina Jolie na pele da personagem. Agora, 25 anos depois do lançamento de ''101 Dálmatas'' com Glenn Close, é a vez da vilã ter a sua história contada em ''Cruella'', o novo live action dos estúdios Disney que chegou ao seu serviço de Streaming, o ''Disney +''. Dessa vez com Emma Stone encarnando a icônica vilã, o longa dirigido por Craig Gillespie (''Eu, Tonya'') é um filme bem legal que merece a atenção dos assinantes da plataforma de Streaming do Mickey. 







O filme conta a história de Stella (Emma Stone), uma jovem cujo o sonho é se tornar uma grande e famosa estilista. Com a morte da sua mãe, ela passa a morar nas ruas, cometendo pequenos delitos para sobreviver. A grande oportunidade de realizar o seu sonho e suas ambições acontece quando ela conhece a arrogante Baronesa Von Hellman (Emma Thompson), dona de uma das maiores grifes de roupas da cidade. Porém, circunstancias inesperadas e segredos do passado fazem com que Stella adote uma nova identidade. Nasce então a ousada Cruella, cujas as habilidades e talento começam chamar a atenção de todos. 

Com ''Cruella'', a Disney explora o passado e as origens da icônica vilã, muito antes dela decidir perseguir os 101 Dálmatas. Sem grandes complexidades, o roteiro escrito por Tony McNamara ( ''A Favorita'') trabalha a protagonista com competência e cuidado, desenvolvendo as suas características tão marcantes como o ar rebelde, debochado e irônico e desvendando algumas questões e mistérios em torna da sua figura, como por exemplo a sua aversão por cães da raça dálmata e suas motivações para se tornar a famosa Cruella De Vil. As respostas para esses mistérios e detalhes em torno da personagem não apenas convencem como fazem bastante sentido dentro da narrativa.  E assim como fez em ''Malévola'', a Disney se preocupa em humanizar a personagem, nos fazendo enxergar além dos seus atos questionáveis de vilã. É muito fácil sentir afeição por ela devido a toda a sua história e os motivos que a fizeram se transformar de uma garota simples, rebelde e que gosta de confrontar em uma mulher poderosa e charmosamente perigosa. O roteiro sabe equilibrar muito bem comédia e drama, sendo muito mais divertido do que trágico. O ritmo do filme é bem consistente, sem jamais deixá-lo entediante, fazendo com que tudo o que envolve Cruella seja cativante e chamativo para se manter de olhos fixos na tela.  






Em certo ponto, a história se assemelha bastante com a trama de ''O Diabo Veste Prada'', grande sucesso de 2006 dirigido por David Frankel, tanto pela estética visual quanto pela relação entre Cruella e a baronesa, que lembra bastante a relação entre as personagens de Maryl Streep e Anne Hathaway. É ''O Diabo Veste Prada'' versão Disney e o resultado é satisfatório. Em questões técnicas, o filme é um espetáculo. Devido ao contexto da história em torno da protagonista, o filme se vende principalmente pelo seu visual, com um trabalho de figurino sensacional, cujas roupas usadas por Cruella e os demais personagens são de uma beleza e luxo de cair o queixo, o que fará com que estilistas e amantes da moda que assistirem ao longa fiquem maravilhados. Até mesmo quem não tem muita afinidade com isso, como é o meu caso, vai com certeza ficar impressionado, assim como também foi o meu caso. Os ângulos e movimentações de câmera do diretor Craig Gillespie geram resultados muito interessantes, com a câmera passeando com suavidade pelos cenários e em torno dos personagens, mostrando cada detalhe importante para o espectador com um controle perfeito do diretor. O design de produção é vistoso e igualmente impressionante, cuja a riqueza de detalhes unida a fotografia exaltam o luxo e o clima de época do filme, já que a história se passa durante os anos 70. A trilha sonora é ótima, destacando alguns clássicos que se tornaram grandes sucessos nesse mesmo período, com cantores que vão desde Bee Gees até The Doors e Nina Simone. 

Emma Stone está ótima em sua caracterização como a icônica vilã. A atriz esbanja carisma e muito charme, usando a sua beleza a favor da imagem da personagem. Graças a sua boa atuação, as características marcantes da protagonista são bem estabelecidas na tela. Emma faz um ótimo trabalho não apenas na caracterização visual mas também nos trejeitos de Cruella, algo muito semelhante ao que a vilã representa na animação clássica dos anos 60 e no filme de 1996. No caso do live action, a Cruella de Glenn Close era genuinamente maldosa, embora a atuação carismática da veterana atriz fizesse com que ela fosse uma das melhores coisas do filme. Por outro lado, na versão de Emma Stone, a personagem é muito mais uma anti-heroína, vítima de injustiças, do que uma vilã em si. Nesse aspecto, o tratamento dado a ela pelo roteiro se assemelha muito ao que foi feito por exemplo com Joaquim Phoenix em ''Coringa''. Claro, o filme da Disney não é sombrio e pesado igual o longa da DC, mas a construção e a ideia de humanização em torno de ambos os personagens é bem semelhante.

De acordo com as regras estabelecidas pela própria Disney, Cruella é a vilã do universo dos 101 dálmatas, mas a verdadeira vilã desse filme está presente na figura extrema da ótima Emma Thompson, que também dá um show de atuação. Sua personagem é o retrato perfeito da maioria dos representantes da alta sociedade: uma pessoa cuja o narcisismo, a arrogância, o egoísmo e o ego inflado não a permitem ver mais nada além do seu próprio mundo. Ela é detestável, mas ainda assim uma ótima vilã, tão esperta e inteligente quanto a protagonista. O embate entre elas resulta em alguns dos momentos mais interessantes do filmes e as duas competentes atrizes estão ótimas juntas. Minha única ressalva é que essa personagem merecia ter sido interpretada pela própria Glenn Close, até como uma maneira de despertar nostalgia e homenagear a atriz que já havia interpretado a Cruella no cinema. Porém, é apenas uma opinião pessoal que não diminui o fato de que Emma Thompson esta ótima. Como prova de que todo o elenco foi muito bem escalado, os demais membros também tem os seus momentos para se destacar, como é o caso da dupla Paul Walter Hauser e Joel Fry que juntos funcionam como alívio cômico, além das boas presenças de Kirby Howell-Baptiste e Mark Strong. Talento é o que não falta, fazendo do elenco de ''Cruella'' um dos grandes acertos do filme, junto com todo o resto. A conclusão da história poderia ter sido mais grandiosa, mas o resultado final ainda se mantém bem positivo.


 




Concluindo: ''Cruella'' conta com uma história envolvente e cativante, bons personagens, uma produção glamorosa e impressionante e grandes atuações, especialmente de Emma Stone, possivelmente em um dos melhores trabalhos da sua carreira. Em meio a tantos remakes desnecessários, a Disney acertou em cheio e conseguiu me surpreender positivamente com o filme. Para os usuários do ''Disney +'', vale muito a pena conferir. 

Nota: ★★★★★★★★★ 9





CRUELLA (2021) - Aventura, 134 minutos. DIREÇÃO: Craig Gillespie. ELENCO: Emma Stone, Emma Thompson, Emily Beecham, Mark Strong, Kirby Howell-Baptiste, Paul Walter Hauser, Joel Fry. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 72%


CURIOSIDADES: 

  • A veterana Glenn Close, que interpretou a vilã no filme ''101 Dálmatas'' em 1996, é uma das produtoras do filme. A atriz já disse que tem grande carinho pela personagem, ao ponto de ainda guardar o figurino que ela usou no longa de 1996. 
  • O filme estava planejado para estrear nos cinemas no dia 23 de dezembro de 2020. No entanto, a estreia teve que ser cancelada por conta da pandemia da COVID-19. Com isso, o filme de Craig Gillespie acabou sendo lançado no serviço de Streaming da Disney. 
  • Antes de Emma Thompson ser a escolhida para dar vida a arrogante Baronesa, principal antagonista do filme, outras grandes atrizes demonstraram interesse em interpreta-la, como Nicole Kidman, Charlize Theron, Julianne Moore e Demi Moore. Por fim, a veterana vencedora de 2 Oscars acabou ficando com o papel. 
  • De acordo com fontes, Nicolas Cage faria uma participação especial no filme, o que não aconteceu, fazendo muitos apenas especular e imaginar qual seria a sua função no longa. 
  • Ao todo, Emma Stone usou um total de 47 figurinos durante o filme. De acordo com a atriz, interpretar a personagem foi desafiador, pois além dos muitos figurinos, cabelo e maquiagem, ela precisou treinar o sotaque dos londrinos, deixando de lado o seu sotaque originalmente americano. 







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