Franquia ''Anjos da Noite'' (2003-2016) - Análise - Vampiros, Lobisomens e muita ação! - PARTE 2
Por: Rudnei Ferreira
Continuando o espacial sobre a franquia ''Anjos da Noite'' do ''Recomendo Filme'', é hora de falar sobre os dois últimos capítulos dessa série de ação e terror criada pelo diretor e roteirista Len Wiseman e estrelada pela bela Kate Beckinsale. Para quem ainda não leu, a primeira parte do especial que fala sobre os três primeiros capítulos da saga pode ser conferida clicando aqui. Dito isso, vamos prosseguir.
ANJOS DA NOITE: O DESPERTAR (UNDERWORLD: AWAKENING - 2012) - Ação/Terror, 88 minutos. PRODUZIDO POR: Len Wiseman. DIRIGIDO POR: Mans Marlind e Bjorn Stein. ELENCO: Kate Beckinsale, Theo James, India Eisley, Michael Ealy, Charles Dance, Stephen Rea, Kristen Holden-Ried. CLASSIFICAÇÃO: 16 anos.
A vampira Selene (Kate Beckinsale) é despertada e libertada de um laboratório, 12 anos depois de ser capturada e mantida na criogenia. Ela se vê perdida em um mundo moderno onde os humanos descobriram a existência dos vampiros e dos Lycans, portanto, as duas espécies foram caçadas e quase levadas a extinção. Para sobreviver, ela se une a um antigo clã de vampiros, cujo um dos líderes é o jovem David (Theo James), um caçador de Lobisomens. David acaba se unindo a Selene para proteger Eve (India Eisley), uma adolescente que carrega os dons e habilidades das duas espécies e está sendo caçada por uma empresa científica cheia de segredos sombrios.
Seis anos depois do lançamento do terceiro filme, essa quarta aventura protagonizada por Selene começa exatamente de onde parou ''Anjos da Noite: A Evolução'' (2006). Porém, depois de uma abertura que relembra tudo o que já vimos anteriormente, a história dá um salto de 12 anos no tempo e é ai que o roteiro de ''Anjos da Noite: O Despertar'' traz uma premissa interessante para aqueles que curtiram os três filmes anteriores. É interessante ver a jornada da protagonista e sua luta contra o inimigo em um mundo ainda mais modernizado. A cena inicial é muito boa, pois brinca com a ideia de qual seria a reação e as ações da humanidade se essas criaturas da noite realmente existissem e estivessem entre nós. É quase certeza que seria exatamente daquele jeito. Comparando com os longas anteriores, a história aqui é mais simples, sem complexidade e mais objetiva, indo direto ao ponto, sem muito tempo a perder com firulas narrativas. Claro que ainda existem vários diálogo expositivos e um pouco da fórmula vista anteriormente, mas em um nível abaixo. E é ai que temos um porém, pois devido a esse simplicidade na história, ''O Despertar'' conta com um dos roteiros mais fracos da franquia. Até mesmo ''Anjos da Noite: A Evolução'' de 2006, com suas divergências e problemas, tem mais peso narrativo e conteúdo. A nítida preocupação do filme é focar nas cenas de ação e nos efeitos visuais, deixando a história em segundo plano. Com exceção da heroína e da jovem que ela precisa proteger, o roteiro não desenvolve a fundo os demais personagens e suas histórias, onde tudo o que sabemos é apenas o básico para compreender quem eles são e qual é o proposito de cada um dentro da trama. Mesmo assim, são inevitáveis alguns furos e divergências conforme a história avança. Não entendam mal: ''Anjos da Noite: O Despertar'' ainda assim é um filme divertido e recomendado como bom entretenimento, entregando o que se propõe a entregar, mesmo que seja um pouco básico demais. Gosto muito dos filmes anteriores e consegui gostar igualmente deste aqui também. É um filme que não foi feito com o propósito de ganhar o Oscar ou ser um clássico cult. Nada disso. Sua proposta é ser um bom cinema pipoca para entreter enquanto passamos o tempo, e nisso, ele se sai relativamente bem.
Em questão de visual, ''O Despertar'' também traz algumas diferenças com os filmes anteriores. A cinematografia é mais escura, com uma paleta de cor azulada, sendo esse o tom predominante de todo o filme. As sequências de ação são boas, porém com uma certa artificialidade, já que os efeitos práticos são menos utilizados, dando mais destaque para os efeitos digitais na criação dos Lycans e até mesmo do sangue que envolve as cenas de violência. É estiloso, funciona e é visualmente interessante, mas me fez sentir falta do realismo da maquiagem e da animatrônica que sem dúvida eram alguns dos grandes atrativos dos filmes anteriores. Mesmo assim, a cenografia, os figurinos e a edição de som são resultados de um trabalho competente. Na minha opinião, a dupla de cineastas Mans Marlind e Bjor Stein não entregam uma direção no mesmo nível de Len Wiseman. Mesmo assim, não é ruim, já que ele fazem um bom uso de todos esses recursos audiovisuais de maneira operante e, porque não dizer, correta.
Kate Beckinsale, a essa altura, já conhece bem a personagem principal. Para muitos, ela é uma atriz inexpressiva nesses filmes, mas tal característica em sua atuação serviu propositalmente desde o início para a composição da protagonista, já que estamos falando de uma vampira que desde jovem foi criada e treinada para ser uma máquina de matar. Podemos ver isso aqui, já que ela continua a fazer uso das características habilidosas e violentas da personagem, embora ainda exista nela um misto de dor e compaixão, onde ela se vê diante de uma nova condição em um ambiente cercado de mortes e violência. A direção mais uma vez explora a beleza física da atriz, ao ponto de até mesmo sexualizar a sua imagem, com planos de câmeras bem sugestivos, algo que Len Wiseman teve mais cuidado em fazer, já que na trilogia anterior ele enaltecia sim a musa, mas sem sexualizá-la tanto. Já os demais membros do elenco de apoio, mesmo sem grandes atuações, entregam o que o roteiro exige de cada um. India Eisley convence com sua personagem rodeada pelo mistério e tem uma forte ligação com a protagonista que, embora sem grande aprofundamento, permite que o espectador compreenda a relação entre elas. Claro que as explicações sobre essa relação surgem de forma meio abrupta na trama, mas não é nada que chegue a incomodar, pelo menos na minha opinião, já que a proposta é essa mesma. Theo James é mais um herói dentro da história, e embora pouco desenvolvido, tem a atenção do público, protagonizando algumas sequências de destaque. A atuação do ator não tem nada demais, mas ele não faz feio. Já outros bons atores como Michael Ealy, Charles Dance e Stephen Rea são resumidos a meros ganchos narrativos, servindo apenas como um incentivo para a jornada da protagonista. Stephen Rea, inclusive, dá vida a um vilão genérico e mal trabalhado, fazendo deste um dos personagens mais fracos e sem graça da carreira do veterano ator que protagonizou filmes de respeito como o bom ''Traídos Pelo Desejo'' e o ótimo ''V De Vingança''. Ou seja, são bons atores com atuações sem grande destaque, deixando isso para que Kate Beckinsale possa brilhar mais uma vez.
Conclusão: ''Anjos da Noite: O Despertar'' pode ser considerado o filme mais fraco da franquia. Mesmo assim, chama a atenção com sua trama simples e premissa interessante. Se vendendo mais pelo seu visual e pela boas cenas de ação, o quarto capítulo da saga de Selene no final, é uma boa diversão para quem acompanha essa história desde os três filmes anteriores, sendo um longa rápido em seu objetivo, que é entreter. Vá de mente aberta e tranquila e divirta-se.
Nota: ★★★★★★ 6.8
ANJOS DA NOITE: GUERRAS DE SANGUE (UNDERWORLD: BLOOD WARS - 2016) - Ação/Fantasia, 92 minutos. DIRIGIDO POR: Anna Foerster. ELENCO: Kate Beckinsale, Theo James, Lara Pulver, Tobias Menzies, Charles Dance, Bradley James, James Faukner, Daisy Heard, Clementine Nicholson. CLASSIFICAÇÃO: 16 anos.
Selene (Kate Beckinsale) continua a sua jornada em meio a luta milenar entre os vampiros e os lycans. Depois de manter sua filha Eve (India Eisley) escondida de tudo e de todos, ela é perseguida pelo impiedoso Marius (Tobias Menzies), o líder de um grupo de lobisomens, que deseja encontrar a menina por cobiçar as habilidades e poderes dela. Para evitar os seus planos, Selene se une ao seu aliado David (Theo James) e muitos outros vampiros. E como se tudo isso não fosse o suficiente, ela precisará impedir a astuta e invejosa vampira Semira (Lara Pulver).
E finalmente chegamos ao derradeiro (pelo menos até agora) capítulo da franquia ''Anjos da Noite''. E para a minha surpresa, ''Anjos da Noite: Guerras de Sangue'' conseguiu o feito de ser o segundo melhor filme da saga, ficando atrás apenas do filme lançado em 2003, que ainda continua sendo o meu favorito. Isso porque a obra dirigida pela estreante Anna Foerster é a que mais se aproxima do filme de 2003, já que volta a se preocupa mais em desenvolver a história do que apenas encher a tela com muitas sequências de ação, como foi o caso do filme anterior. A trama é mais coesa, mais bem trabalhada e muito mais interessante. Personagens conhecidos se unem a novos personagens e a interação entre eles são atrativos muito melhores de se acompanhar. Sem falar que o filme reserva algumas revelações e surpresas bem interessantes para quem curte a saga desde o início. Claro que o filme não é perfeito, já que a trama volta a apresentar certas conveniências do roteiro, facilitações narrativas, repete alguns clichês estabelecidos pela própria franquia e conta com um certo uso do recurso chamado deus Ex-machina. Ou seja, não é esse o capítulo que trouxe algum frescor ou novidade para dentro da saga, mas pelo menos, é um filme que alcança bem os seus resultados e as suas intenções, resultando em algo que ficou muito bom na medida do possível.
Anna Foerster faz aqui a sua estreia como diretora de um filme e ela não faz feio, Principalmente nas cenas de ação, a cineasta manda bem com seus planos de câmera e boa movimentação, permitindo o espectador entender o que está acontecendo, dando a essas cenas o peso necessário para garantir um bom entretenimento que realmente empolga. A produção mais uma vez dá preferência aos efeitos digitais, descartando um pouco o trabalho de maquiagem e efeitos práticos, mas pelo menos eles apresentam uma melhora considerável em relação ao filme anterior. Não que lá não fosse legal, mas aqui eles convencem mais. A fotografia abandona a paleta de cores azulada e volta a apostar em cores mais escuras. Aliás, o filme tem menos iluminação do que os quatro filmes anteriores, fazendo com que algumas cenas sejam mais escuras, porém, nada que realmente nos atrapalhe de ver o que está sendo mostrado na tela.A cenografia bem trabalhada amplia os cenários e apresenta novas ambientações, dando origem a novas mitologias dentro da franquia, o que é bem legal de se ver. E o design de produção e figurinos são bem trabalhados e elegantes, mantendo o tom gótico e aristocrático em torno dos vampiros e lobisomens, mesmo que a história se passe nos dias atuais.
Além de Kate Beckinsale, que continua mandando bem como a protagonista, quem ganha bastante espaço é o personagem de Theo James. Ele tem bastante relevância dentro da história, onde o roteiro explora mais a fundo detalhes do seu passado e certas revelações fazem com que ele se ligue com outro personagem do passado, resultando em uma boa surpresa. E voltando a falar em Selene, a vampira recebe o típico tratamento deus Ex-machina citado anteriormente. E embora seja batido e previsível, o recurso funciona e Kate Beckinsale já sabe muito bem que caminhos tomar para agradar quem já está familiarizado com essa franquia. Lara Pulver, Tobias Menzies, Bradley James e Daisy Heard são vilões e antagonistas mais do mesmo. Inclusive, Menzies e Heard voltam a repetir dentro da saga a história do lobisomem que tem um caso com a vampira. São antagonistas clichês, mas que funcionam dentro da proposta do filme. O veterano Charles Dance, que estava completamente apagado no filme anterior, tem mais o que fazer aqui, inclusive protagonizando uma breve, porém boa cena de ação. No geral, todo o elenco se sai bem e entrega o que se espera dentro da proposta do filme. O desfecho do longa conta com cenas de ação bacanas, mas a resolução final envolvendo a protagonista é apressada, como se o filme tivesse pressa para acabar logo. Mas de novo, dentro da proposta, não é nada que realmente incomode.
''Anjos da Noite: Guerras de Sangue'' é clichê e previsível e isso é um fato. Mas entrega exatamente o que os fãs esperam de um exemplar dessa franquia. Embora básico, ainda assim, o capítulo final da saga de Selene diverte e empolga com sua história bem contada e sua ação empolgante. Como resultado, temos um bom filme que encerra bem toda essa mitologia envolvendo as duas criaturas da noite mais famosas e arrepiantes do cinema.
Nota: ★★★★★★★★ 9
CURIOSIDADES:
ANJOS DA NOITE: O DESPERTAR (2012)
- Len Wiseman, o criador do universo de ''Anjos da Noite'' e diretor de ''Anjos da Noite'' (2003) e ''Anjos da Noite: A Evolução'' (2006) desta vez ocupou apenas o cargo de produtor executivo, assim como também fez em ''Anjos da Noite: A Rebelião'' (2009).
- O filme é a estreia da diretora Anna Foerster no comando de um longa metragem para o cinema. Anteriormente, ela havia apenas dirigido episódios de séries para a televisão como ''Outlander'' e ''Madan Secretary''.
- Antes de ''Anjos da Noite: Guerras de Sangue'', o roteirista Cory Goodman havia trabalhado em outros filmes fantasiosos como ''Padre'' (2011) e ''O Último Caçador de Bruxas'' (2015).
- A atriz Kate Beckinsale não tinha muito interesse em participar de mais um filme da franquia. Porém, negociações consideráveis a fizeram mudar de ideia. Mas, seu retorno era de fato necessário, já que o filme anterior deixava um enorme gancho para esse filme.
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