Trilogia ''O Hobbit'' de Peter Jackson (2012 - 2014) - Análise - De volta ao universo da Terra-Média!


 Por: Rudnei Ferreira


John Ronald Reuel Tolkien, ou como ficou mundialmente conhecido, J.R.R Tolkien é simplesmente um dos maiores escritores que o mundo já viu e isso é um fato. Um verdadeiro gênio da literatura e hábil com as palavras, o escritor escreveu vários livros, mas ficou conhecido pelos leitores do mundo todo como o autor de uma das sagas de fantasia épica mais espetaculares do mundo: a trilogia ''O Senhor Dos Anéis'' publicada entre 1954 e 1955. A história que é dividida em três partes intituladas ''A Sociedade Do Anel'', ''As Duas Torres'' e ''O Retorno Do Rei'' se tornou um verdadeiro fenômeno literário, acumulando elogios e fãs fervorosos que se encantaram pela trama épica rica em detalhes e cheia de elementos que compõem o maravilhoso mundo da Terra-Média, resultado da criatividade e genialidade de Tolkien. Tal sucesso se estendeu também nas telas do cinema, quando o diretor Neozelandês Peter Jackson resolveu adaptar a história dos livros em Uma trilogia de filmes. Na época, ''O Senhor Dos Anéis'' era considerada pelos fãs uma obra impossível de se adaptar para o cinema, tamanha complexidade e riqueza de detalhes do material original. Felizmente, foi graças ao carinho e respeito que Peter Jackson tem pela obra que fez com que os filmes fossem realizados. E o resultado foi espetacular e fenomenal, já que a adaptação cinematográfica dos três livros foi um grande sucesso de bilheterias, além de receber aclamação da crítica, vencendo milhares de prêmios importantes da indústria cinematográfica incluindo um total de 17 Oscars: 4 para ''A Sociedade Do Anel'', 2 para ''As Duas Torres'' e o recorde de 11 para ''O Retorno Do Rei''. 

Porém, muito antes de Tolkien ganhar o mundo com ''O Senhor Dos Anéis'' ele havia escrito e publicado em 1937 ''O Hobbit'', um pequeno livro cujo os acontecimentos se passam em torno de 60 anos antes da trilogia do anel, porém dentro do mesmo universo. E ao contrário de ''O Senhor Dos Anéis'', que aposta em uma trama mais pesada e adulta, ''O Hobbit'' é mais leve e infantil. Mais um clássico atemporal do escritor e mais uma história que ganhou as telas do cinema, contando mais uma vez com a direção de Peter Jackson que ainda teve a ajuda do diretor Guillermo Del Toro no roteiro. E é sobre essa nova franquia de filmes que vamos conversar nesse texto. Espero que gostem!


O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA (THE HOBBIT: AN UNEXPECTED JOURNEY - 2012) - Aventura/épico/fantasia, 169 minutos (versão de cinema), 182 minutos (versão estendida). ESCRITO POR: Guillermo Del Toro. DIRIGIDO POR: Peter Jackson. ELENCO: Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen, Aldan Turner, James Nesbitt, Ken Statt, Graham McTavish, Dean O'Gorman, William Kircher, Jed Brophy, Peter Hambleton, John Callen, Adam Brown, Mark Hadlow, Stephen Hunter, Lee Pace, Sylvester McCoy, Andy Serkis, Elijah Wood, Cate Blanchett, Ian Holm, Christopher Lee, Hugo Weaving, Manu Bennett. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 64%


Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) um hobbit morador do Condado recebe a visita de 13 anões que formam uma companhia liderada por Thorin: Escudo De Carvalho (Richard Armitage). Com a ajuda do mago Gandalf (Ian McKellen), Bilbo e seus novos companheiros partem para uma jornada cheia de aventuras e desafios com a missão de recuperarem de volta a Montanha Solitária, lar dos anões, que foi tomada pelo terrível Dragão Smaug, ao mesmo tempo que precisam escapar da perseguição do Orc branco Azog: O Profano (Manu Bennett).  Nessa jornada, Bilbo vai descobrir habilidades e a coragem que ele jamais imaginou possuir. 

Mesmo que tenha sido competente e bem sucedido, filmar a trilogia ''O Senhor Dos Anéis'' foi um dos maiores desafios na carreira do diretor Peter Jackson. Já com ''O Hobbit'', as coisas foram um pouco mais além. Afinal, muitos se perguntavam como o diretor iria conseguir adaptar um livro curto, de trezentas e poucas páginas em três filmes com mais de 3 horas de duração. Se levar em conta isso, realmente era algo impossível de ser realizado. Porém, Jackson decidiu utilizar não apenas o livro como base na adaptação, mas também algumas apêndices e materiais extras retirados da trilogia ''O Senhor Dos Anéis''. E mesmo que no final seja sim um bom filme, ''O Hobbit: Uma Jornada Inesperada'' carrega as consequências dessa decisão do diretor e do roteirista Guillermo Del Toro em esticar essa história para além do que está no livro. A começar pelo ritmo desse primeiro filme. Por ter a consciência de que recebeu liberdade para dividir a trama em três partes, Peter Jackson gasta muito tempo em determinadas sequências, sem pressa de desenvolver a premissa, seus personagens e as situações em que eles se encontram. Um exemplo disso é que o filme gasta praticamente os primeiros 40 minutos para apresentar seus personagens principais e os detalhes da missão que Bilbo Bolseiro está sendo convidado a fazer parte. É uma longa cena de jantar com direito a muita bagunça, mal educação dos anões e vários diálogos explicativos,. Outra cena que faz parte desse contexto demorado é a reunião de Gandalf com o conselho de Valfenda. Tem também o encontro de Bilbo e Gollum (Andy Serkis) que também leva um bom tempo para ser concluída. Não me levem a mal. Todas essas cenas citadas, entre outras que não mencionei, são muito boas e de certa forma fazem ligações interessantes com a trilogia ''O Senhor Dos Anéis''. O porém é que elas acabam afetando um pouco o ritmo do filme, que corre mais lentamente. 






Porém, o filme tem muitas qualidades que justificam o porque vale a pena conferi-lo. O fato de podermos mais uma vez fazer parte de uma aventura no mesmo universo de ''O Senhor Dos Anéis'' já nos deixa instigados a assistir ao longa. Peter Jackson volta a explorar as belezas das locações da Nova Zelândia, com uma cinematografia riquíssima que enche os olhos, cheia de tomadas aéreas deslumbrantes e que foca nos detalhes por terra também. O diretor quis inovar e rodou o longa com 48 frames por segundo, sendo que o normal é 24. Por conta desse efeito, a câmera parece deslizar com mais velocidade pelos cenários e ambientações, principalmente nas sequências de ação e movimento. As cenas de ação, quando acontecem, são muito boas e empolgantes. Bem coreografas e com uma montagem enérgica e dinâmica, elas são mais uma vez o resultado da direção brilhante de Peter Jackson. O bom trabalho de maquiagem e figurino que compõem a caracterização de Bilbo Bolseiro e seus companheiros de jornada, além de outros personagens, é fenomenal, traduzindo com eficiência as características deles vistas nas páginas escritas por Tolkien, que era bastante detalhista. Quem leu os livros ''O Hobbit'' e ''O Senhor Dos Anéis'' sabe muito bem disso. Os efeitos visuais são maravilhosos, dando vida aos cenários digitais muito interessantes e as várias criaturas e seres fantásticos que fazem parte desse rico universo, onde elas possuem boa renderização, textura e interagem muito bem pelos cenários e com os personagens reais. Para completar, a edição e mixagem de som é grandiosa, assim como a trilha sonora épica que mistura novas musicas com as musicas conhecidas da trilogia anterior. No geral, ''O Hobbit: Uma Jornada Inesperada'' é pura nostalgia e saudosismo para os fãs de ''O Senhor Dos Anéis''. E Peter Jackson e sua equipe se agarra a essa nostalgia, com várias referências e homenagens a trilogia anterior, com aparições importantes e elementos narrativos. 

O elenco traz atuações competentes e muito entregues. Martin Freeman está ótimo como o jovem Bilbo Bolseiro. Divertido, cheio de manias e carismático, o ator parece que nasceu para interpretar esse personagem, pois sua entrega ao papel é admirável. Os intérpretes dos anões também desempenham um bom trabalho. De imediato, é difícil sentir alguma empatia por qualquer um deles por conta de seus modos e atitudes. Mas conforme a história avança e começamos a entender suas motivações, fica mais fácil torcer para que sua missão seja bem sucedida. Sem contar que é muito bom ver o retorno do elenco que fez parte da trilogia ''O Senhor Dos Anéis'' como Ian McKellen, Elijah Wood, Cate Blanchett, Ian Holm, Christopher Lee, Andy Serkis e Hugo Weaving, todos com participações de qualidade e contribuindo ainda mais com o clima de nostalgia. 






Mesmo com alguns deslizes do roteiro, ''O Hobbit: Uma Jornada Inesperada'' é uma aventura cheia de grandes momentos e que conquista o público pela nostalgia. É bem dirigido, bem produzido, com boas atuações e várias referências a ''O Senhor Dos Anéis''. Um início promissor para essa segunda visita a Terra-Média no cinema. 

Nota: ★★★★★★★ 7

O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013) - Aventura/épico/fantasia, 161 minutos (Versão de cinema), 187 minutos (versão estendida). Escrito por: Guillermo Del Toro. DIRIGIDO POR: Peter Jackson. ELENCO: Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen, Aldan Turner, James Nesbitt, Dean O'Gorman, Ken Stott, Graham McTavish, Adam Brown, Jed Brophy, Stephen Hunter, William Kircher, Evangeline Lilly, Orlando Bloom, Luke Evans, Benedict Cumberbatch, Mikael Persbrandt, Ryan Gage, Sylvester McCoy, Manu Bennett, Lawrence Makoare, John Bell, Lee Pace. CLASSIFICAÇÃO: 12 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 74%


Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) e a companhia dos anões estão cada vez mais próximos da Montanha Solitária, onde finalmente poderão confrontar o assustador dragão Smaug (Benedict Cumberbatch) que se mantém adormecido em meio as riquezas do local. Porém, tal ação pode resultar em consequências devastadoras. Enquanto isso, o mago Gandalf (Ian McKellen) terá de investigar os sinais que podem sugerir o retorno de um antigo, porém terrível mal que pode voltar a ameaçar toda a Terra-Média em uma nova onda de trevas. 

''A Desolação de Smaug'', em comparação com seu antecessor, traz várias mudanças significativas, além de uma boa evolução. Se o filme anterior é bom, porém apresenta alguns problemas de ritmo, essa segunda parte da saga de Bilbo Bolseiro é mais enérgica, mais movimentada e muito mais envolvente, além de trazer um tom mais sério, adulto e sombrio para a narrativa. Por outro lado, o roteiro é inchado, se prolongando em situações que poderiam ser facilmente resolvidas. Isso permanece sendo a causa e consequência da decisão de dividir a trama de um pequeno livro em três longos filmes. Como é necessário material suficiente para que possa se justificar essa divisão, fica evidente que o roteiro insere ações e acontecimentos que poderiam ter sido descartados, tudo para que a história possa render. Como foi dito, o filme é muito mais movimentado que seu antecessor e várias coisas acontecem ao mesmo tempo para garantir o nosso envolvimento. Porém, o ritmo ainda cai em determinados momentos quando o roteiro se prende a sequências extensas demais. Muita coisa poderia ter sido enxugada, descartada ou encurtada e alguns personagens que nem existem no livro poderiam continuar de fora, mas ai, tudo seria resolvido nesse filme e um terceiro não seria necessário. Decisões polêmicas de Peter Jackson, mesmo que isso torne o filme bem superior a ''Uma Jornada Inesperada''. 







Assim como no primeiro filme, ''A Desolação de Smaug'' tem muita coisa boa para se gostar. As várias referências e homenagens a ''O Senhor Dos Anéis'' pode mais uma vez ser apreciadas aqui. Os efeitos visuais continuam impressionantes. Mesmo que em alguns momentos fique claro que os atores gravaram diante de uma tela verde, o resultado não compromete e se torna um verdadeiro deleite visual. Temos mais cenas de ação que são vibrantes, envolventes e de tirar o fôlego, apresentando ótimos planos e movimentações de câmera. A beleza estonteante da Nova Zelândia mais uma vez é valorizada e enriquecida pela cinematografia e os trabalhos de maquiagem, figurino, caracterização e edição de som são de bater palmas, além da ótima trilha sonora, tão satisfatória quanto esses aspectos citados. É também o filme que mais tem sequências memoráveis até então. Se no primeiro filme tivemos bons momentos como a batalha dentro das cavernas dos Goblins e o confronto do final entre o vilão Azog e a comitiva dos anões, em ''A Desolação de Smaug''  temos a maravilhosa cena da fuga nos barris pelo rio, a batalha contra aranhas gigantescas e o tão aguardado encontro com o grandioso dragão Smaug, no grande clímax do filme. 

O elenco continua formidável, com destaque mais uma vez para a ótima performance de Martin Freeman dando vida ao protagonista e liderando um elenco cheio de talentos atores e atrizes vindos do primeiro filme. Porém, novos integrantes no elenco fazem um bom trabalho. Os principais destaques são para Orlando Bloom dando vida mais uma vez ao elfo arqueiro Legolas e a bela Evangeline Lilly que interpreta Tauriel, uma elfa da floresta criada exclusivamente para o filme, já que ela não existe no livro, assim como a presença de Legolas que também não está na história original. Embora suas participações não façam grande diferença para o andamento da história, é legal ver os dois juntos contracenando cenas de ação visualmente espetaculares. Falando em Tauriel, existem a sugestão de um romance entre ela e um dos personagens principais, porém, a ideia não é totalmente desenvolvida. Luke Evans é um novo herói que está determinado a lutar pelo bem do seu lar e do seu povo e o ator deixa a sua marca com o personagem. Já os personagens de Stephen Fry e Ryan Cage são descartáveis, não passando de antagonistas fracos e bem caricatos.  Não posso deixar de mencionar o trabalho fenomenal de captura de movimentos e voz para o dragão Smaug realizado pelo competente Benedict Cumberbatch. Smaug é provavelmente um dos dragões mais incríveis que eu já vi em um filme e os movimentos e principalmente a voz grave e forte do ator o tornam uma criatura ameaçadora e imponente. Tão imponente que na hora que ele diz ''I AM FIRE! I AM DEATH!'' chega arrepiar os cabelos do corpo. É realmente sensacional. 





Superior ao seu antecessor em vários aspectos, mesmo que ainda se prenda demais a sub-tramas extensas, ''O Hobbit: A Desolação de Smaug'' é eletrizante, cheio de surpresas, com sequências grandiosas e se encerra em um momento crucial, que nos deixa roendo as unhas e super ansioso para conferir o final da trilogia. Não chega a ser um filme tão marcante quanto ''As Duas Torres'' que é o segundo capítulo da trilogia ''O Senhor Dos Anéis'', mas consegue ser um entretenimento de qualidade e que vale a pena conferir.

Nota: ★★★★★★★★ 8


O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS (THE HOBBIT: THE BATTLE OF THE FIVE ARMIES - 2014) - Aventura/épico/fantasia, 144 minutos (Versão de cinema), 174 minutos (Versão estendida) - ESCRITO POR: Guillermo Del Toro. DIRIGIDO POR: Peter Jackson. ELENCO: Martin Freeman, Richard Armitage, Ian McKellen, Aldan Turner, Evangeline Lilly, Orlando Bloom, Lee Pace, Luke Evans, Benedict Cumberbatch, Cate Blanchett, James Nesbitt, Graham McTavish, Dean O'Gorman, Adam Brown, Ken Scott, Mark Hadlow, Peter Hambleton, John Callen, Stephen Hunter, William Kircher, Sylvester McCoy, Manu Bennett, Stephen Fry, Christopher Lee, Hugo Weaving, John Bell, John Tui, Ryan Cage. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 59%


Depois de enfrentarem a fúria devastadora do dragão Smaug (Benedict Cumberbatch) e reconquistarem o seu lar, a comitiva dos anões liderada por Thorin Escudo De Carvalho (Richard Armitage) e o Hobbit Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) agora precisarão defender a Montanha Solitária e toda a sua grandiosa riqueza em uma guerra épica entre Anões, Elfos, Homens, Orcs e outras Criaturas. Uma guerra que poderá mudar para sempre a Terra-Média e seus habitantes. 

Depois de dois filmes preparando terreno para uma guerra iminente, finalmente ela acontece nesse capítulo decisivo da trilogia ''O Hobbit''. E a espera para esse acontecimento valeu a pena. Dessa vez, temos um filme mais objetivo, sem delongas e tramas excessivas como foi o caso dos dois filmes anteriores. A trama sabe construir a atmosfera e o clima perfeito, para que quando a guerra comece, cause muito impacto. Temos aqui mais de uma hora só de batalhas eletrizantes, com bons efeitos visuais, bons planos de câmera e coreografias de luta bem realizadas. O roteiro é o mais bem trabalhado dos três filmes, com uma narrativa interessante e bom desenvolvimento de personagens. E todos os acontecimentos que levam até a batalha dos cinco exércitos se encaixam bem dentro da trama. Claro que essas batalhas não possuem o mesmo impacto por exemplo daquelas vistas em ''O Retorno do Rei'', mas mesmo assim, são boas e visualmente grandiosas. Desde a primeira a última cena, é perceptível que a intenção de Peter Jackson era entregar um épico nos mesmo moldes de ''O Retorno do Rei''. E mesmo que não esteja no mesmo nível, ''A Batalha Dos Cinco Exércitos'' funciona no que se propõe. Claro que nem tudo é bom, como por exemplo, um certo romance entre dois personagens de raças diferentes. Fica claro que Jackson quis trazer para a trama um casal igual a Aragorn e Arwen, mas o que conseguiu foi entregar algo meio forçado para o público. Os dois personagens são bons e funcionam na história, mas o romance entre eles não convence. Mesmo assim, existe uma cena bem comovente com eles no desfecho do longa, cujo o diálogo que acontece nessa cena é emocionante. O Personagem Alfrid, interpretado por Ryan Cage tem mais tempo em cena do que realmente deveria. Pode ser que a intenção era transforma-lo em um alívio cômico, mas não deu certo, pois além de completamente inútil na história, ele é extremamente irritante. Uma grande mancada do diretor em manter tal personagem, mas pelo menos dá a ele um final merecedor, porém, só vemos esse final na versão estendida. Sem contar que achei que o protagonista, ou seja Bilbo Bolseiro, é tratado como coadjuvante dentro do seu próprio filme, além de personagens icônicos como Legolas serem pouco aproveitados, mesmo que roube a cena quando aparece. Embora seja o melhor dos três, ''A Batalha dos Cinco Exércitos'' tem os seus deslizes e falhas, assim como os dois filmes anteriores. 






O filme amplia ainda mais o seu espetáculo visual nas já citadas sequências de batalhas e nos efeitos visuais. , mas também dá um show em outros aspectos como os figurinos, o design de produção, a cinematografia, a trilha sonora e os efeitos sonoros. Peter Jackson mantém a qualidade em todos esses aspectos desde a época de ''O Senhor Dos Anéis'' e aqui salta aos olhos e aos ouvidos. Isso acarreta em várias sequências dignas de serem lembradas. A começar pela cena de abertura, onde ocorre o confronto final contra o dragão Smaug, a luta protagonizada por Galadriel, Elrond e Saruman contra o Necromante e seus aliados e passando por as várias cenas épicas da guerra final pela Montanha Solitária. No caso da versão estendida, algumas dessas cenas são bem violentas, com direito a mais sangue e desmembramentos, o que torna esse o filme mais adulto, sombrio e visceral da trilogia, justificando uma classificação indicativa mais alta. Pontos para o diretor, pois tais momentos super combinam com o clima da trama e realmente dão ao filme o tom épico desejado.

Em questões de atuações, o elenco está bem como sempre. Porém, existem alguns bons destaques: Martin Freeman, ótimo em sua última performance como Bilbo Bolseiro, com o carisma e a presença de sempre. É incrível como o personagem evoluiu tanto, passando de um Hobbit inseguro para um guerreiro disposto a fazer o possível para ajudar na guerra. Tal mudança convence graças ao talento do ator. Richard Armitage entrega a sua melhor performance em toda a trilogia como Thorin Escudo de Carvalho. O personagem é marcado por um conflito interno interessante. Inclusive é através dele que o roteiro fala sobre ganância, poder e cobiça. Algo batido, é verdade, mas funciona muito bem dentro da trama. A atuações do elenco que dá vida aos demais anões também evoluíram. Se quando foram apresentados em ''Uma Jornada Inesperada'' se mostraram personagens não tão interessantes, agora ficou bem mais fácil gostar e torcer por cada um deles. Isso mostra que não foi apenas o protagonista que evoluiu, mas os demais também. Já os demais membros do elenco e seus personagens também possuem seu momento para brilhar como é no caso da participação espetacular  de Christopher Lee, Cate Blanchett e Hugo Weaving. No decorrer da trama, certos personagens tem um desfecho trágico e comovente, e nessa altura, torna-se possível lamentar o que acontece com eles. 





''A Batalha dos Cinco Exércitos'' encerra a trilogia ''O Hobbit'' sem o mesmo impacto e a genialidade de ''O Senhor Dos Anéis''. Mesmo assim, se consagra como o melhor filme desse retorno de Peter Jackson ao mágico universo criado por J.R.R Tolkien. Seu desfecho é competente, pois além de concluir bem a jornada de Bilbo Bolseiro, ainda se interliga de maneira bem legal a ''O Senhor Dos Anéis: A Sociedade Do Anel'', dando inicio a saga de Frodo, Sam e todos os membros da Sociedade do Anel. Mesmo sendo inferior, a trilogia ''O Hobbit'' é uma boa e grandiosa segunda visita a Terra-Média que vale a pena. 

Nota: ★★★★★★★★★ 9


CURIOSIDADES: 

O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA (2012)

* Originalmente, o diretor Guillermo Del Toro tinha sido o escolhido para dirigir o filme. Na verdade, a adaptação de ''O Hobbit'' foi planejada para ser contada apenas em dois filmes sob seu comando. O cineasta mexicano até mesmo chegou a se mudar para a Nova Zelândia, que serviu de cenário para a Terra-Média. Del Toro porém, desistiu de comandar a direção dos longas por causa dos vários atrasos provocados pela MGM. Ele porém, permaneceu dentro do projeto como um dos roteiristas da trilogia. 

* Assim como foi o caso da trilogia ''O Senhor Dos Anéis'', Peter Jackson e o elenco rodaram o filme de maneira simultânea com os outros dois filmes da trilogia. 

* Tobey Maguire, Daniel Radcliffe, Shia LaBeouf e James McAvoy foram alguns dos atores cotados para interpretar Bilbo Bolseiro, antes que Martin Freeman (da série de TV ''Sherlock'') ficasse com o papel. 

Os veteranos Ian Holm (o velho Bilbo Bolseiro) e Christopher Lee (Saruman) gravaram as suas participações em um estúdio em Londres pois não puderam viajar para a Nova Zelândia por conta da saúde.


O HOBBIT: A DESOLAÇÃO DE SMAUG (2013)

* Tauriel, a elfa guerreira interpretada pela atriz Evangeline Lilly não existe no livro ''O Hobbit'', sendo criada unicamente para a adaptação cinematográfica. 

* O mesmo pode ser dito do personagem Legolas, papel de Orlando Bloom, usado mais como um elemento nostálgico para os fãs de ''O Senhor Dos Anéis''. 

* O ator Viggo Mortensen até chegou a negociar uma aparição no filme como Aragorn, outro importante personagem da trilogia ''O Senhor Dos Anéis''. Porém, não houve um acordo. 


O HOBBIT: A BATALHA DOS CINCO EXÉRCITOS (2014)

* O ator e cantor Billy Boyd, que interpretou o Hobbit Peregrin Tuk, o Pippin, na trilogia ''O Senhor Dos Anéis'', canta a música-tema do filme que pode ser ouvida nos créditos finais. 

* Mesmo com a versão estendida, ''A Batalha Dos Cinco Exércitos'' é o filme com a menor duração dos seis filmes que adaptam a obra de J.R.R Tolkien. 

* De acordo com o diretor Peter Jackson, esse é o último filme comandado por ele sobre as aventuras da Terra-Média. Segundo ele, seu trabalho nas duas trilogias foram árduas e cansativas. 

* Originalmente, o filme se chamaria ''O Hobbit: Lá e De Volta Outra Vez'', como uma referência direta ao livro de capa vermelha escrito por Bilbo Bolseiro (Ian Holm) em ''O Senhor Dos Anéis". Porém, próximo do lançamento do longa, Peter Jackson mudou o título para ''A Batalha Dos Cinco Exércitos''. 

* No livro ''O Hobbit'', toda a batalha entre os cinco exércitos acontece em um único capítulo. 

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