Pearl Harbor (2001) - Análise - Antes de ''Transformers'', um bom filme de Michael Bay!


 Por: Rudnei Ferreira 


No dia 7 de Dezembro de 1941, o império do Japão, país aliado da Alemanha Nazista e apoiador de Adolf Hitler, atacou a base naval de Pearl Harbor, no Havaí, resultando na destruição de vários aviões e embarcações e na morte de mais de 2 mil pessoas, além de mais de mil feridos. Esse ataque surpresa entrou para a história mundial e ficou marcado como o acontecimento que colocou os Estados Unidos definitivamente na Segunda Guerra Mundial. Foi dado início a várias passagens marcantes dentro do conflito como a chamada ''Guerra do pacífico''. Foram vários os filmes e produções que dramatizaram esse acontecimento histórico. Um exemplo bem famoso é do filme ''Tora!Tora!Tora!'' de 1970. O longa dirigido por três cineastas (Richard Fleischer, Kinji Fukasaku e Toshio Masuda) é uma colaboração entre os Estados Unidos e o Japão e é considerado por muitos historiadores como um dos filmes mais fieis ao retratar os terríveis acontecimentos desse infame dia. Bem recebido pela crítica, o longa recebeu 9 indicações ao Oscar, mas levou para casa apenas o prêmio de Melhores Efeitos Visuais. 

Depois do imenso sucesso crítico e comercial de ''Titanic'' de James Cameron em 1997, Hollywood decidiu mais uma vez trazer para as telas um filme que misturasse fatos reais com ficção. Sob a direção do megalomaníaco Michael Bay, famoso por ser o realizador da franquia ''Transformers'', ''Pearl Harbor'' foi lançado nas comemorações do Memorial Day, feriado americano que relembra aqueles que morreram em combate militar pelo seu país. Embora não tenha sido aceito com muita satisfação pela crítica, o filme foi um sucesso de bilheteria e recebeu 4 indicações ao Oscar, além de 2 indicações ao Globo de Ouro. Mesmo que não seja um filme perfeito, ''Pearl Harbor'' é, na opinião deste que vos escreve, um bom trabalho realizado por Michael Bay, seguido por ''Armageddon'', muito antes dele se perder em tantos filmes da franquia dos robôs alienígenas.  






Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, Rafe (Ben Affleck) e Danny (Josh Hartnett), dois amigos inseparáveis, são designados a servirem como pilotos de combate na aeronáutica americana. Ambos se apaixonam pela bela enfermeira Evelyn Johnson (Kate Beckinsale) e vivem um intenso e complicado triângulo amoroso. Porém, o ataque surpresa japonês a base naval de Pearl Harbor faz com que o trio e todos aqueles envolvidos tenham que combater e lutar pela sobrevivência em uma heroica jornada, em um evento que colocou os Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial e destruiu sonhos e esperanças de uma geração. 

Ao contrário de outros filmes dirigidos por Michael Bay, como a franquia ''Transformers'', que se preocupa apenas com a ação e os efeitos visuais, ''Pearl Harbor'' ao menos possui uma história para contar. O roteiro escrito por Randall Wallace apresenta acontecimentos fictícios com o intuito de chamar a atenção do público para os eventos reais envolvendo o ataque a Pearl Harbor, em uma fórmula semelhante a que James Cameron trouxe em ''Titanic''. Não é para menos que, na época de seu lançamento, o longa de Michael Bay foi apelidado como ''O Titanic de 2001''. Porém, ao contrário do aclamado filme do diretor de ''Avatar'', a história de ''Pearl Harbor'' sofre um pouco com a falta de ritmo. O roteiro leva um longo tempo para desenvolver seus personagens, além de um romance que ocupa boa parte da duração. Ok, alguns personagens são interessantes e o próprio romance tem os seus momentos e serve como um alívio em meio a tragédia, tanto antes como depois. Porém, esses acontecimentos antes da ação pesam um pouco e afetam o ritmo, além do uso de alguns diálogos pouco inspirados. Mas enquanto isso acontece, o roteiro acerta por saber construir uma boa atmosfera de tensão e expectativa em cima do ataque e os demais acontecimentos são apenas um respiro que antecede esse momento. Não há como negar, mesmo gostando, é impossível não perceber que o roteiro peca em alguns momentos, mas compensa o espectador depois de  criar tanta expectativa em cima de sua premissa. 






Para quem conhece a história real de Pearl Harbor, provavelmente vai conferir o filme querendo ver tal acontecimento retratado na tela. Depois do primeiro ato um pouco arrastado e cheio de desenvolvimentos de personagens e do romance, finalmente o ataque a base naval acontece. E a espera vale a pena e é bem recompensada. Extremamente realista, bem executada e bem dirigida, a longa sequência de um pouco mais de 40 minutos do ataque japonês as ilhas Havaianas é um verdadeiro espetáculo visual, não por todo o sofrimento ali retratado, mas sim porque impressiona por ser bem realizada. A ação é explosiva, no melhor estilo Michael Bay de ser, porém, os efeitos visuais de extrema qualidade unidos aos vários efeitos práticos, fazem desse momento algo realmente impactante e memorável. Os planos de câmera do diretor são muito bons, tanto no momento do bombardeio e perseguição com aviões quanto nas viscerais cenas no hospital que chocam pelo realismo e pela violência, o que pode incomodar os mais sensíveis. Dai em diante, tais recursos cinematográficos funcionam até os momentos finais do filme, que resultam em um desfecho comovente e bonito. A carga dramática e emocional desses dois últimos atos já valem o ingresso da sessão, além de ser tudo muito bem feito. A montagem é muito precisa, tanto nas cenas de ação quanto nas transições de um cenário para outro. O trabalho de figurinos, maquiagem e reconstituição de época convencem, assim como a edição de som, que merecidamente levou o Oscar, que faz com que o filme mereça ser visto no melhor aparelho sonoro que exista, como um bom Home Theater e a trilha sonora composta pelo grande Hans Zimmer transita entre o épico e o emocionante, sendo algo belíssimo e envolvente de se ouvir. Falando em música, a belíssima ''There You'll be'' da cantora Faith Hill já entrou para a lista de grandes temas do cinema.  

As atuações não são dignas de Oscar, pelo menos no caso da maioria, mas mesmo assim são competentes na proposta do filme. O trio formado por Ben Affleck, Kate Beckinsale e Josh Hartnett é competente em sua proposta, especialmente Affleck, cujo seu personagem é o mais interessante dos três e a performance é a que mais se destaca.  Por outro lado, Cuba Gooding Jr., mesmo que apareça pouco, deixa sua marca com um personagem que realmente existiu. A atuação do ator é muito boa e se tem alguém que merecia uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, esse alguém era ele. O casal formado por Ewen Bremner e Jaime King é uma graça e, mesmo que também possuam pouco tempo em cena, conseguem ser bem interessante, fazendo com que nos importemos com seus destinos. Outras boas participações, mesmo que sem grande alarde, são de veteranos como Alec Baldwin, Joh Voight, Michael Shannon, Tom Sizemore e Jennifer Garner. O trio principal funciona na medida do possível e o elenco de apoio também tem seus bons momentos. 





''Pearl Harbor'' demora para acontecer, mas quando acontece, o resultado é satisfatório. Não é perfeito, já que algumas falhas no roteiro afetam um pouco o ritmo. Porém, compensa nas espetaculares sequências de ação e no clima de tensão e atmosfera do conflito através do bom uso da linguagem cinematográfica. E se tem uma coisa que o filme de Michael Bay faz bem é despertar a curiosidade pela história de um dos maiores e mais devastadores momentos da história da Segunda Guerra Mundial. Se anos depois, o diretor se renderia ao capitalismo com uma série de robôs gigantes cujo os filmes são todos iguais, pelo menos vale a pena lembrar que antes, ele se preocupava mais com uma história do que apenas com visual e barulho. ''Pearl Harbor'' pode não ser o retrato mais fiel da história real, mas pelo menos, ao longo de suas três horas de duração, entrega um entretenimento que possui seus bons momentos e sua qualidade. 

Nota: ★★★★★★★★ 8




PEARL HARBOR (2001) - Romance/Drama/Guerra, 183 Minutos. / DIREÇÃO: Michael Bay. - ELENCO: Ben Affleck, Josh Hartnett, Kate Beckinsale, Jennifer Garner, Alec Baldwin, Cuba Gooding Jr., Jaime King, Jon Voight, Michael Shannon, Ewen Bremner, Catherine Kellner, Mako, Tom Sizemore. CLASSIFICAÇÃO: 14 Anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 24%


Prêmios: 

O longa recebeu 4 indicações ao Oscar:

* Melhor Edição de Som

* Melhores Efeitos Visuais

* Melhor Mixagem de Som 

Melhor Canção Original. 

Venceu na categoria Melhor Edição de Som. 


Duas indicações ao Globo de Ouro:

* Melhor Trilha Sonora 

Melhor Canção Original


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