OS 7 DE CHICAGO (ORIGINAL NETFLIX - 2020) - ANÁLISE - UM PROTESTO DO PASSADO QUE SE MANTÉM RELEVANTE NOS DIAS ATUAIS!
Por: Rudnei Ferreira
Ao longo da história, somos testemunhas de como o mundo foi e é cercado de conflitos inúteis, cujo o propósito não é outro se não causar dor, sofrimento e lucro para os poderosos. Durante séculos, tais conflitos ficaram em nossa memória e pode ter certeza, será para sempre lembrados por gerações futuras. Guerras, descriminação, a luta da minoria por seus direitos e o acobertamento de assuntos considerados problemáticos são problemas que não são de hoje. Nos anos 60, um grupo de sete homens que foram acusados pelo governo dos Estados Unidos de conspiração e revolta contra o estado ganhou os holofotes da mídia na época. Tal acontecimento foi levado aos tribunais e devido a repercussão, entrou para a história do país como um dos maiores julgamentos de todos os tempos.
Os detalhes desse histórico acontecimento são o fio condutor de ''Os sete de Chicago'', drama da Netflix escrito e dirigido por Aaron Sorkin e com um elenco de peso e, sem dúvida, uma das apostas da plataforma de Streaming para disputar o Oscar em 2021.
O filme se passa nos anos 60, onde um grupo de pessoas decidem se reunir em Chicago durante uma grande convenção e protestar contra injustiças provocadas pelo governo como a Guerra do Vietnã. Porém, a situação sai totalmente do controle, com conflitos e brigas acontecendo nas ruas da capital. Com o intuito de restaurar a ondem em meio à seus interesses, o governo americano acusa sete homens considerados supostos líderes dos conflitos de incitarem o ódio e a discórdia contra o estado. Agora, esses sete homens precisam mostrar no tribunal suas verdadeiras intenções em um julgamento que iria entrar para a história do país e do mundo.
O diretor Aaron Sorkin demonstra habilidade tanto na direção quanto no roteiro assinado por ele mesmo para narrar esse acontecimento marcante na história. Para alguns, o filme pode soar meio lento e cansativo, o que é muito comum em filmes cuja as histórias que se passam dentro dos tribunais. Mas o cineasta utiliza esse ritmo para dramatizar da melhor maneira possível tais acontecimentos reais. O longa de fato possui um tom sereno, mas o roteiro acrescenta elementos e os desenvolve bem e em um bom ritmo, mantendo nosso interesse em descobrir qual será a resolução e o desdobramento dos fatos apresentados. Já nas primeiras cenas, Aaron deixa clara as suas intenções: mais do que um filme sobre o drama de sete homens, o longa trata de assuntos delicados presentes na história americana, que vai desde o assassinato de figuras importantes como Martin Luther King e John Kennedy até conflitos como a Guerra do Vietnã e como tais acontecimentos trágicos influenciaram muitos que na época lutavam fervorosamente contra as injustiças e a favor de seus direitos. Na verdade, esses acontecimentos citados incentivaram a causa dos sete de Chicago.
É possível perceber que o roteiro se faz atual e relevante até mesmo para os dias de hoje, mesmo se passando em plenos anos 60. Com o recente governo de Donald Trump e protestos causados pela revolta de tragédias como a morte de George Floyd, é muito fácil se espelhar na história do filme, com sua crítica social aos problemas que se fazem presentes na atualidade como desigualdades, injustiças, preconceito racial, violência, manipulação e muitos outros inaceitáveis acontecimentos. É um grito de protesto nos dias atuais contra problemas que existem desde sempre. Quando algo sai do controle, no fim, alguém tem que pagar, mesmo que seja inocente. Cruel, mas infelizmente é a realidade.
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