O HOMEM INVISÍVEL (2020) - ANÁLISE - UMA INTELIGENTE METÁFORA SOBRE ABUSO E TRAUMA!


 Por: Rudnei Ferreira


A Blumhouse, assim como a A24, tem conquistado cada vez mais seu espaço no ramo cinematográfico e vem se tornando uma grande produtora de filmes. Se destacando principalmente no gênero de suspense e terror, a ''Blumhouse'' é responsável por grandes sucessos como ''Corra!'' e ''Nós'', do diretor Jordan Peele, ''A entidade'', entre outros. Mas também já se aventurou em outros gêneros como o Drama, como é o caso de ''Infiltrado na Klan'', sucesso de público e crítica dirigido por Spike Lee, indicado ao Oscar de Melhor Filme. 

Com 2020 não seria diferente. Mesmo com a crise mundial causada pelo Corona vírus, a produtora conseguiu trazer para o público um grande filme. Estamos falando de ''O Homem Invisível'', produção escrita e dirigida por Leigh Whannell, sendo essa uma nova versão baseada no clássico literário escrito por H.G Wells que mistura suspense, drama, terror psicológico e ficção científica. Embora 2020 tenha sido complicado para o cinema em geral, é seguro dizer que o longa da Blumhouse é um dos melhores filmes do ano. 






A trama foca no drama de Cecilia (Elisabeth Moss). Vitima de um relacionamento abusivo com Adrian (Oliver Jackson-Cohen), ela decide abandoná-lo, fugindo desse relacionamento tóxico. Tempos depois, Cecilia descobre que Adrian cometeu suicídio. A partir dai, ela tenta seguir em frente com sua vida. Porém, estranhos acontecimentos começam a acontecer ao seu redor, fazendo com que ela desconfie que seu ex-marido forjou a própria morte e agora a está perseguindo. E o pior: conseguiu arrumar uma maneira de ficar invisível, colocando em risco sua vida. Começa então um pesadelo onde Cecilia se vê obrigada a chegar aos limites de sua sanidade mental para descobrir os mistérios em torno desse perigo invisível aos seus olhos. 






''O homem invisível'' tem como principal tema uma realidade lamentável e revoltante que faz parte do dia a dia de muitas mulheres: o relacionamento abusivo. Por conta disso, frequentemente vemos novos casos de mulheres que são vítimas de um companheiro violento e abusador, e isso é terrível. E enquanto não existirem providências mais rígidas para casos assim, tal absurdo vai sempre existir. Com base principal nessa nojenta realidade, o longa traz uma história cheia de tensão que mistura gêneros, em uma narrativa inteligente, criativa, imersiva e envolvente. A trama leva o tempo necessário para se desenvolver, trabalhando muito bem a sua premissa e desenvolvendo com maestria a atmosfera cheia de mistérios e também seus personagens, especialmente sua protagonista. 

Uma coisa que o roteiro faz muito bem é construir sua história gerando dúvidas e questionamentos no espectador.  A partir do momento que Cecília consegue escapar do seu abusador, somos constantemente levados por essa dúvida. Seria possível que tudo o que estamos vendo em cena esteja de fato acontecendo ou tudo não passa de uma paranoia da mente perturbada e traumatizada da personagem de Elisabeth Moss? Mesmo que a história se desenvolva no seu tempo e deixe pistas para o espectador, essa dúvida permanece com a gente até o fim. E mesmo que no final o mistério aparentemente tenha sido resolvido, é possível permanecer com a pulga atrás da orelha até o seu impressionante desfecho. 

O primeiro e o segundo ato do filme são um verdadeiro teste de nervos para o público, com seus elementos que nos mantém de olhos arregalados e grudados na tela, compartilhando das aflições, medos e dúvidas da protagonista. Já no terceiro ato, o filme toma um rumo inesperado, destoando do que tínhamos visto até então, apostando em algo mais cheio de ação, porém com traços dos dois primeiros atos. Mesmo com essa mudança repentina de tons, é super certo que a mistura de gêneros resulta em algo visualmente e narrativamente interessante e criativo. 





   


As qualidades técnicas e a direção também são fatores importantes que contribuem para que a trama tenha o seu impacto. O diretor Leigh Whannell conduz as sequências de uma maneira visualmente interessante, com movimentos de câmeras suaves e enquadramentos precisos nos detalhes, transmitindo a incrível e sufocante sensação de que realmente possa existir algo oculto não apenas aos olhos da protagonista. Ou não. Tal recurso visual ajuda na criação da dúvida estabelecida pelo roteiro e por consequência disso, nos sentimos tão vulneráveis quanto a personagem de Elisabeth Moss. O diretor gosta de brincar com sombras, silhuetas e luzes, o que deixa tudo ainda mais dramático e assustador. 

A fotografia sombria e a trilha sonora estranha e angustiante contribuem para a construção da atmosfera misteriosa. Porem, mesmo que tais elementos cinematográficos possa trazer um prelúdio para o perigo, o filme não apela para sustos fáceis como o Jump Scare, um dos sustos mais clichês do cinema. O longa procura fugir disso e portanto, quando o impacto inesperado acontece, ele é sentido com muito mais naturalidade e eficiência. Os efeitos visuais são muito bons mesmo, numa mistura bem equilibrada de efeitos digitais e efeitos práticos. Tudo isso envolve e gera um nível de imersão absoluto para o filme. 







''O Homem Invisível'' ainda conta com um elenco talentoso, onde todo mundo tem sua relevância ou importância para a história. Mesmo com poucas cenas, astros como Aldis Hodge, Storm Reid, Harriet Dyler, Michael Dorman e Oliver Jackson Cohen possuem seus bons momentos e estão comprometidos com seus personagens. Mas o filme é mesmo todo da talentosíssima Elisabeth Moss.

 Cada dia mais, a atriz, famosa por filmes como ''Nós'' e a série de TV ''The Handmaid's Tale'', demonstra que é uma das atrizes mais talentosas e dedicadas da atualidade e não é para menos. Sua protagonista é o retrato perfeito da mulher que sofre com um relacionamento abusivo. E muitas vezes, uma vítima de tal relacionamento é taxada como louca, perturbada e quase sempre não é levada a sério quando implora por ajuda. E Elisabeth transmite tais situações na tela com uma naturalidade e realismo tão grande através do seu olhar, do seu jeito de se comunicar e da sua linguagem corporal que conseguimos sentir todo o seu drama e desespero sem nem questionar. É uma atuação brilhante e muito real, onde a atriz consegue ganhar nossa atenção e roubar todas as cenas que protagoniza.






  

Com uma boa mistura de gêneros e uma atmosfera de tensão desenvolvida com competência, ''O Homem Invisível'' denuncia os traumas e as marcas de uma realidade lamentável e cruel. O filme é um ótimo entretenimento e ainda faz pensar e refletir sobre um assunto tão delicado e real que infelizmente existe e jamais deve ser encorajado. É uma interessante nova visão para um clássico e merece ser visto por quem procura uma trama envolvente, criativa, inteligente e muito bem desenvolvida. 

Nota: ★★★★★★★★★ 9 





O HOMEM INVISÍVEL (INVISIBLE MAN - 2020) - Drama/Suspense, 124 Minutos. / ROTEIRO E DIREÇÃO: Leigh Whannell. - ELENCO: Elisabeth Moss, Oliver Jackson-cohen, Harriet Dyer, Storm Reid, Aldis Hodge, Michael Dorman. CLASSIFICAÇÃO: 14 Anos. 


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