ANNABELLE (2014) - ANÁLISE - SOMBRIO, ARREPIANTE E BEM FEITO!


 Por: Rudnei Ferreira


Em 2013, o diretor James Wan trouxe para as telas um dos melhores filmes do ano e um dos melhores filmes de terror da atualidade. O sucesso do mesmo resultou em uma sequência em 2016 tão boa e no mesmo nível de qualidade. James Wan criou em ''Invocação do mal'' de 2013 uma excelente e envolvente atmosfera de terror sobrenatural, trabalhando os clichês do gênero da melhor maneira possível. Entre tantos personagens marcantes do filme, uma despertou a curiosidade do público, mesmo que tenha poucos momentos em cena. Trata-se de Annabelle, a macabra boneca que, na vida real, é cercada de mistérios e se encontra atualmente guardada no sombrio museu de artefatos amaldiçoados na casa do falecido casal de detetives paranormais Ed e Lorraine Warren. 

 No filme de James Wan, a sinistra boneca teve um pequeno arco narrativo cercado de mistérios, mas foi o suficiente para querermos saber mais a respeito dela. Devido ao sucesso de ''Invocação do mal'' a Warner Bros. viu a possibilidade de começar uma série de derivados Spin-Off que se passam no mesmo universo assustador criado por James Wan. O primeiro desses derivados era justamente o da sinistra boneca de porcelana e pano. Eis que em 2014, o diretor John R. Leonetti foi o escolhido para comandar esse Spin-Off de ''Invocação do mal'' tendo o próprio James Wan como produtor. ''Annabelle'' é um filme bem familiar e semelhante à outros do gênero. Mas é bem feito e garante alguns sustos genuinamente bons e uma atmosfera sombria em torno da boneca. 



 

O filme se passa em 1967, cinco anos antes dos acontecimentos vistos em ''Invocação do mal''. Mia (Annabelle Wallis) e John (Ward Horton) formam um casal que se muda para um pequeno bairro para esperar a chegada de sua filha Leah. Um belo dia, John dá de presente para sua esposa uma boneca de pano e porcelana, achando que seria esse o presente perfeito para a amada. Porém, depois de saírem vivos de um macabro incidente, Mia começa a testemunhar estranhos fenômenos e acontecimentos sinistros ao seu redor, o que a faz acreditar que tais acontecimentos estejam ligados à boneca. 




''Annabelle'' é mais um exemplo de que um filme clichê pode sim ser bom e divertido, desde que esses clichês sejam bem trabalhados. E é, na minha opinião, o que acontece aqui. O diretor John F. Leonetti sabe trabalhar com esses temas, conhecidos e familiares, envolvendo assombrações, seitas demoníacas e criaturas sobrenaturais. Embora não traga nada de inovador dentro do gênero, o filme é uma experiência satisfatória para quem curte filmes com essa temática. Claro que o longa não é perfeito, sendo bem inferior à Invocação do mal''. Porém, a história sombria em torno de Annabelle é bem feita e garante bons momentos para aqueles que gostam de tomar alguns sustos e curtem uma atmosfera assustadora. 



Vamos falar um pouco do óbvio. Como citado, o filme possui vários clichês, presentes na maioria dos filmes com o mesmo tema. Mas graças a boa direção, esses clichês são bem empregados. A atmosfera sombria do filme funciona porque John R. Leonetti sabe construir uma boa premissa em torno dos acontecimentos. A maneira como o diretor movimenta a câmera é interessante, com movimentos suaves e que tornam compreensíveis o que está acontecendo. Ele gosta muito de usar planos abertos, que exploram a imensidão dos ambientes, focando em seus detalhes. Existem também longos planos envolvendo a boneca, onde o diretor foca principalmente no seu olhar, dando a sensação de que algo pode acontecer. Cada momento em que Annabelle está em cena deixa a sensação de que algo assustador está para acontecer, mas o filme manipula o espectador e escolhe os momentos certos para que algo aconteça. E quando acontecem, são momentos que causam aflição e tensão. 

Outro ponto positivo é a sugestão da presença do mal em torno da boneca. Para isso, o filme aposta em pouca exposição, fazendo bastante uso de efeitos práticos e um jogo bem interessante de sombras, luzes, vultos e silhuetas. A edição de som e a fotografia com tons sombrios ajudam muito nesses momentos, contribuindo para a carga assustadora. Bem legal também é a referência ao clássico ''O bebê de Rosemary'' dirigido por Roman Polanski. A premissa é bem semelhante em alguns momentos e certos detalhes colocados em cena também nos faz lembrar desse clássico do terror. Além da boneca Annabelle, é possível identificar outra referência ao próprio universo de ''Invocação do mal'' onde existe uma leve menção ao casal Ed e Lorraine Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga), em um breve diálogo onde somente os mais atentos vão pegar. 




O elenco faz um bom trabalho, entregando o que que o roteiro exige. Curiosamente, Annabelle Wallis tem o mesmo nome da boneca que dá título ao filme. A atriz, embora pouco carismática e expressiva, convence como uma mãe protetora e dedicada a proteger sua filha dos poderes do mal que lhes assombram. O mesmo pode ser dito de Ward Horton que convence como um marido e pai dedicado à sua família. Mesmo estando longe de serem um casal no nível dos Warren brilhantemente interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga no filme de James Wan, eles possuem elementos suficientes e boa presença para que nos importemos com eles ao ponto de temer por suas vidas e por sua segurança. Tony Amendola e Alfre Woodard não acrescentam muito a trama, mas ambos tem sua importância e ambos entregam boas atuações. 

''Annabelle'' é clichê e familiar e procura se apoiar no sucesso do primeiro ''Invocação do mal''. Porém, é um longa que tem seu grau de entretenimento, entregando boas sequências de tensão, sustos, referências e uma boa atmosfera sombria em torna da boneca mais famosa do cinema na atualidade. É um filme bem dirigido, bem produzido e honesto em sua proposta. Para quem curte a temática de terror sobrenatural, existe a possibilidade de sair satisfeito da sessão. 

Nota: 🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟 8



ANABELLE (2014) - Terror/Suspense, 98 Minutos. / DIREÇÃO: John R. Leonetti. - ELENCO: Annabelle Wallis, Ward Horton, Tony Amendola, Kerry O'Malley, Brian Howe, Tree O'Toole, Alfre Woodard. CLASSIFICAÇÃO: 14 Anos. 



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