INVOCAÇÃO DO MAL 2 (2016) - ANÁLISE - UMA SEQUÊNCIA TÃO BOA QUANTO O FILME ORIGINAL!
Por: Rudnei Ferreira
Em 2013, os amantes do cinema de terror foram agraciados com um dos melhores filmes do gênero da atualidade. ''Invocação do mal'' foi uma grata surpresa para aqueles que achavam que o filme seria um terror mais do mesmo. É fato que o longa não apresenta nada exatamente novo, pois possui vários clichês de um filme sobre casas mal-assombradas. Porém, o filme surpreende por saber utilizar muito bem esses clichês e por contar com ótimas atuações de todo o elenco e um roteiro muito bem escrito, com destaque para a ótima direção de James Wan, conhecido por ter iniciado sua carreira dirigindo o primeiro filme da franquia ''Jogos mortais''. O filme tem como base um caso verdadeiro envolvendo o famoso casal de investigadores paranormais Ed e Lorraine Warren, o que despertou ainda mais a atenção do público para conferir a produção.
Com o imenso sucesso de bilheteria e crítica do primeiro filme, era certo que uma sequência estaria à caminho. Sendo assim, três anos depois, ''Invocação do mal 2'' chegou às telas do cinema, trazendo boa parte do elenco do filme anterior e contando mais uma vez com a elogiada direção de James Wan. Como era de se esperar, o filme repetiu a fórmula e o sucesso do seu antecessor e mais uma vez foi bem recebido pelo público e a crítica, sendo considerado um dos melhores filmes de 2016 e um dos melhores filmes do gênero terror da atualidade, o que possibilitou a Warner Bros. de concretizar seus planos para a criação de um Universo Cinematográfico Compartilhado.
A história de ''Invocação do mal 2'' se passa três anos depois dos acontecimentos do primeiro filme. O famoso casal de investigação paranormal Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) são chamados para desvendar os mistérios sobrenaturais em torno do caso Amityville, em Nova York. Enquanto isso, longe dali, em um lugar humilde de Londres, uma mãe solteira (Frances O'Connor) e seus quatro filhos são atormentados por um espírito maligno, tendo como a principal vítima sua filha de 12 anos, Janet (Madison Wolfe). O caso chama a atenção da igreja que envia o casal Warren até Londres para ajudar. Mas com Lorraine tendo que enfrentar seus próprios medos e receios, tudo se torna ainda mais desafiador e perigoso.
''Invocação do mal 2'' traz a mesma formula proposta pelo diretor James Wan no filme anterior e amplia seus conceitos. Em um filme mais longo e com um orçamento maior, o cineasta teve ainda mais liberdade para contar nas telas mais um dos caso envolvendo o casal Warren. E James Wan não decepciona e acerta mais uma vez em basicamente tudo. Mais do que o filme anterior, o roteiro é certeiro ao misturar terror, suspense, drama e até mesmo romance, tudo na medida certa, onde um não atropela o outro ao ponto de se tornar exagerado. Mais do que um filme de terror, ''Invocação do mal 2'' talvez tenha como principal tema a união, a amizade e o amor e como isso pode ser poderoso contra o mal. O primeiro filme de 2013 também tinha isso em seu enredo, mas aqui, os níveis são maiores e ainda mais bem explorados.
Ao longo de sua vasta carreira, o casal Warren teve que lidar com as opiniões divididas em relação ao seu trabalho, entre aqueles que acreditavam e aqueles que tratavam tudo como uma grande farsa. E o roteiro explora essa opinião pública dividida em torno da dupla. Até o misterioso Caso de Enfield, que faz parte da história principal do filme é considerado até hoje um dos casos mais famosos e mais documentados da paranormalidade e a narrativa trabalha com a divisão de opiniões em torno desse controverso caso que mexe com a imaginação dos amantes de mistérios até os dias atuais. O filme é inteligente em incluir os principais elementos do terror sobrenatural na trama, ao mesmo tempo que gera dúvidas e questionamentos, deixando para o público que assiste decidir se de fato tais acontecimentos realmente aconteceram um dia. Claro que o longa toma algumas liberdades artísticas em função do entretenimento, mas ainda assim, os mistérios em torno desse caso são discutíveis.
Assim como no filme de 2013, James Wan entrega um filme muito bem produzido, com uma boa reconstituição de época e técnicas cinematográficas bem feitas. Os movimentos de câmera do diretor são bem fluidos e transitam com naturalidade e leveza pelos cenários ou acompanhando os personagens. James Wan cria uma atmosfera de tensão e mistério bem construída através do uso de luzes, sons, sombras e silhuetas, brincando com o medo de algo que possa está oculto ou se escondendo na escuridão. O design de som é bem realizado, contribuindo para as famosas cenas de fazer pular da cadeira. Os famosos sustos Jump Scare, muito utilizados em produções do gênero, estão presentes, mas funcionam bem aqui, garantindo um resultado satisfatório e genuíno. Diferente do primeiro ''Invocação do mal'' que apostava em efeitos visuais mais prático, o filme traz mais cenas onde o CGI se faz mais presente, mesmo que ainda conte com a praticidade. Mas, mesmo carregados em alguns momentos, esses efeitos funcionam, principalmente na criação de criaturas medonhas como o Homem-Torto e a demoníaca freira Valak, que protagonizam cenas assustadoras e divertidas.
Apesar de toda a carga sombria e carregada, o filme ainda tem espaço para momentos mais leves e sensíveis. Há uma belíssima cena envolvendo um momento de descontração ao som de Elvis Presley que é simplesmente muito bonita e tocante, capaz de marejar nossos olhos devido a pureza e delicadeza do momento. Esse acontecimento serve como alívio e um respiro diante de toda a tensão da história. E James Wan dirige essa sequência com tanta sensibilidade que fica impossível não se encantar ou se emocionar.
E para completar, temos o talento de um elenco de peso. Normalmente, em filmes de terror, atuações são o que menos importam. Não é o caso desses filmes. Aqui, todo mundo manda muito bem e tem seu momento para brilhar. Mais uma vez dando vida ao casal Ed e Lorraine Warren, Patrick Wilson e Vera Farmiga estão ótimos. Ambos convencem como um casal experiente e apaixonado. É possível acreditar em sua experiência e conhecimento e também no amor que um sente pelo outro, protagonizando ótimos momentos juntos.
Frances O'Connor se entrega à sua personagem e deixa bem explicito na tela todas as suas angústias, medos e receios como uma mãe que dá o seu melhor para cuidar de seus filhos. Falando neles, os jovens atores estão bem, mas quem rouba a cena é a ótima Madison Wolfe no papel da perturbada filha Janet Hodgson. A atriz está muito bem e entrega algo no nível de Linda Blair no clássico ''O exorcista''. A história é muito boa, envolvente e imersiva e os personagens são ainda melhores, o que torna fácil nossa identificação e afeição por todos eles.
''Invocação do mal 2'' traz de volta as ótimas escolhas de James Wan em um filme tenso, envolvente e emocionante. Com um bom roteiro e talento de sobra na frente e atrás das câmeras, temos aqui um raro exemplar do gênero que funciona pela segunda vez em um dos melhores filmes de terror da atualidade.
Nota: 🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟 10
INVOCAÇÃO DO MAL 2 (THE CONJURING 2 - 2016) - Terror/suspense/drama, 134 Minutos. / DIREÇÃO: James Wan. ELENCO: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Frances O'Connor, Madison Wolfe, Lauren Esposito, Bonnie Aarons, Simon McBurney, Sterling Jerins. CLASSIFICAÇÃO: 14 Anos.
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