Chaplin (1992) - Análise - Uma bonita e merecida homenagem para um gênio do cinema!


 Por: Rudnei Ferreira 


  Quem nunca na vida ouviu falar de Charles Chaplin, não é mesmo? O gênio da comédia e ícone do cinema mudo escreveu, produziu, editou, dirigiu e atuou na maioria dos seus filmes. Dono de um talento sem igual e de uma criatividade sem limites, Chaplin entrou para a história como um dos profissionais mais influentes e espetaculares da sétima arte. Todos os seus filmes são clássicos absolutos do cinema. Filmes inesquecíveis como ''O Garoto'', ''Em Busca do Ouro'', ''Luzes da Cidade'' e ''Tempos Modernos'' são alguns dos seus melhores trabalhos e tem um espaço garantido na lista da maioria dos amantes de cinema no mundo todo. 

Sua vida foi muito além de ser apenas um gênio do cinema. Ela também foi marcada por tristezas, polêmicas, escândalos, queda e redenção. Todos esses elementos são contados em dois livros biográficos: ''My Autobiography'' de 1964, cuja a autoria é do próprio Chaplin e ''Chaplin: His Life And Art'' de 1985, do crítico de cinema David Robinson. E foram justamente essas duas obras literárias que serviram de inspiração para ''Chaplin'', uma cinebiografia de 1992 dirigida pelo saudoso Richard Attenborough (vencedor do Oscar de Melhor Diretor pelo filme ''Gandhi'') e estrelada por um jovem Robert Downey Jr. que muito antes de viver o Homem-De-Ferro no Universo Cinematográfico Marvel encarou a grande responsabilidade de interpretar Charles Chaplin, e ele se saiu muito bem nessa tarefa. 







O longa acompanha a fascinante jornada do genial Charles Chaplin (Robert Downey Jr). Marcado por uma infância pobre e difícil, o jovem talentoso começou a trabalhar no teatro, divertindo o público com o seu dom para a comédia. Esse talento chama a atenção dos grandes chefes de Hollywood em plena era do cinema mudo, que o convidam a atuar em alguns dos seus filmes. A partir dai, Chaplin cresce e vai conquistando o público com o seu carisma e talento, mesmo que também seja o protagonista de algumas polêmicas e escândalos.

''Chaplin'' é um longa que oferece ao espectador um retrato bem fiel da história de vida do  genial cineasta. A infância pobre, os primeiros trabalhos no teatro, seus primeiros filmes e suas inspirações e motivações pessoais para criar obras-primas do cinema como ''Tempos Modernos'', ''Luzes da Cidade'' e ''O Grande Ditador'', além de dar ao espectador a noção de como nasceu aquele que se tornou o seu mais famoso e referenciado personagem: o Vagabundo, protagonista da maioria dos seus filmes. O problema do roteiro de ''Chaplin'' é que ele não explora a fundo esses momentos, sendo meio breve e dando ao público a sensação de estar acompanhando um grande resumo biográfico de quase 2 horas e meia. É uma pena, pois com certeza, Charles Chaplin merecia uma cinebiografia com mais tempo para contar a sua história, já que ela é marcante e complexa. Nesse caso, talvez uma série com vários episódios se sairia melhor.  Mesmo assim, o filme de Richard Attenborough é muito bom e um valioso material para os cinéfilos e para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra desse mestre do humor cinematográfico.  







O filme acerta em cheio no design de produção, cuja a reconstituição de época impressiona pelos detalhes, com cenários bem representados e figurinos luxuosos. A maquiagem é bem aplicada, principalmente em Robert Downey Jr, ilustrando a passagem de tempo através da sua aparência e também em sua caracterização como Charles Chaplin e o seu personagem, o Vagabundo.  A produção conta com uma fotografia muito bonita e uma montagem precisa, utilizando imagens de arquivos e cenas de alguns dos filmes do próprio Chaplin nos momentos certos, revelando  detalhes importantes por trás dessas obras tão marcantes. A trilha sonora ajuda nesse tom de documentário, já que algumas músicas vieram diretamente dessas obras de Chaplin e se encaixam perfeitamente nos momentos que o filme de Attenborough quer ilustrar e dar ênfase. Fica claro da primeira a última cena o cuidadoso trabalho de pesquisa e estudos para reproduzir com a máxima fidelidade esses aspectos visuais. 

Robert Downey Jr impressiona na sua caracterização como Charles Chaplin. Além de estar fisicamente muito parecido com o verdadeiro Chaplin, o ator nitidamente se empenha em imitar com precisão o jeito de andar, de falar, de se expressar e de se movimentar do cineasta e do seu personagem Carlitos, o Vagabundo. Não diria que sua atuação merecesse um Oscar, porém é perfeitamente compreensível a indicação, já que de fato ele está muito bem. O elenco de apoio, em sua maioria, também se empenha ao dar vida algumas das figuras mais notáveis e famosas da época, com destaque para Geraldine Chaplin, a filha do verdadeiro Charles Chaplin, que se sai muito bem em uma atuação comovente ao interpretar a própria avó. 





''Chaplin'', mesmo que de maneira resumida, é uma bela homenagem a um dos maiores gênios que o cinema já viu e provavelmente jamais verá de novo. É um filme esteticamente muito bonito e com grandes atuações e merece ser visto por fãs, admiradores e cinéfilos do nosso eterno Vagabundo.

Nota: ★★★★★★★★ 8



CHAPLIN (1992) - Drama biográfico, 144 minutos. PRODUZIDO E DIRIGIDO POR: Richard Attenborough. ELENCO: Robert Downey Jr., Geraldine Chaplin, Milla Jovovich, Moira Kelly, Dan Aykroyd, Anthony Hopkins, Diane Lane, Marisa Tomei, Kevin Kline. CLASSIFICAÇÃO: 14 anos. NOTA NO ROTTEN TOMATOES: 60%

CURIOSIDADES: 

  • Originalmente, o filme se chamaria ''Charles''. No entanto, circunstâncias fizeram com que o titulo fosse mudado para ''Chaplin''. 
  • A versão original do longa era de quase 4 horas de duração. O longa foi lançado 15 anos depois da morte do verdadeiro Charles Chaplin. 
  • O saudoso ator e diretor Richard Attenborough era um grande fã de Chaplin. Sabendo disso, a coprodutora Diane Hawking sugeriu ao estúdio que o contratasse para dirigir a cinebiografia. 
  • Antes de Robert Downey Jr., o ator Jim Carrey havia sido considerado para interpretar Charles Chaplin na cinebiografia. 
  • Embora o filme não foque nesse detalhe, Charles Chaplin chegou a ter uma filha com Mildred Harris. Infelizmente, a criança faleceu 3 dias depois do seu nascimento. 

 



    



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